São Paulo, sábado, 5 de julho de 1997
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Como foi o assassinato

1 - Em 19 de novembro de 92, José Carlos Alves dos Santos e sua mulher, Elizabeth Lofrano Alves dos Santos, jantam no restaurante Versailles, em Brasília, onde ficam até as 23h50. Alves dos Santos já havia acertado com o detetive Lindauro da Silva o assassinato de Ana Elizabeth, por US$ 100 mil

2 - O casal sai do restaurante e, no automóvel Monza de José Carlos, se dirige ao Lago Norte. No final da av. W-3, Alves dos Santos pára, alegando que um pneu havia furado. Atrás do Monza, encosta um Opala, de onde sai o detetive Lindauro da Silva. Ele entra no carro do casal. Ana Elizabeth, tonta, não reage

3 - Os três seguem, no Monza, para o Lago Norte. Atrás, vai o Opala, dirigido pelo mecânico Valdei de Souza. Param atrás de uma caixa-d'água, e Ana Elizabeth é passada para o Opala. Alves dos Santos ajuda a amordaçar sua mulher com fita adesiva e lhe põe um capuz. Lindauro amarra os pés e as mãos da mulher

4 - Os carros pegam a BR-020 até chegar à DF-020, rumo a Brasilinha. Alves dos Santos e Lindauro vão no Monza. Valdei segue no Opala, com Ana Elizabeth no porta-malas. Param em um entroncamento. No Opala, Lindauro e Valdei seguem por uma estrada de terra. Alves dos Santos aguarda no Monza

5 - O Opala pára em uma clareira. Lindauro e Valdei retiram Ana do carro e levam até uma cova que já estava aberta havia quatro meses

6 - Lindauro bate com uma picareta na cabeça de Ana Elizabeth. Ele e Valdei a jogam na cova. Como ela ainda se mexe, jogam pedras em sua cabeça e em seu peito. Enterram-na ainda viva

7 - Os dois reencontram Alves dos Santos. Com os dois carros, voltam à BR-020. Alves dos Santos arranca o toca-fitas do Monza e o entrega a Lindauro. Com as mãos amarradas, entra no porta-malas do Monza

8 - Por volta das 4h20, Lindauro liga para a casa de Alves dos Santos e avisa onde ele pode ser encontrado. Neste momento, Alves dos Santos já está solto

A versão de José Carlos Alves dos Santos

1 - Após deixar o Versailles em seu Monza, o casal é seguido por um Opala, dirigido por um homem barbudo, que lhe sinaliza que o pneu do Monza está furado. O casal pára o carro e é abordado pelo "barbudo", que lhe aponta um revólver, anuncia o assalto e entra no Monza

2 - Em seguida, o assaltante ordena que se dirijam até a BR-020. No caminho, apodera-se de R$ 80 e do relógio de Alves dos Santos e da bolsa de Ana Elizabeth. Entram em uma estrada de terra. O assaltante manda parar o carro e diz ao marido que desça. Ana Elizabeth fica no Monza, rezando

3 - Surge um segundo assaltante, de pele clara, mais alto que o primeiro e de cabelos loiros. Os dois amarram Alves dos Santos com seu próprio cinto e o colocam dentro do porta-malas do Monza. O Monza volta pela estrada de terra. Depois, pára por cerca de 15 minutos e volta a se movimentar, sempre com Alves dos Santos no porta-malas, pegando uma estrada de asfalto

4 - Após andar mais um pouco, o Monza pára novamente. Os assaltantes dizem a Alves dos Santos, que está no porta-malas, que ele deveria ficar quieto por um tempo, sem avisar a polícia que sua mulher havia sido sequestrada, e conseguir dinheiro para o resgate. Alves dos Santos consegue escapar do porta-malas e, com o Monza, volta para casa

Compare as teses da acusação e da defesa

Os argumentos da promotoria
José Carlos Alves dos Santos mandou matar Ana Elizabeth porque queria ficar com a amante Crislene Oliveira
O relacionamento do casal estava em crise, e Ana Elizabeth dizia estar "enraivecida" com o casamento
Se realmente tivesse havido sequestro, ao ser liberado pelos supostos criminosos, o economista deveria ter parado na blitz pela qual passou a caminho de casa. Mas ele seguiu direto
A polícia não levou adiante as investigações sobre o provável envolvimento de deputados ligados ao escândalo do Orçamento porque considerou que a hipótese era pouco provável

Os argumentos da defesa
José Carlos Alves dos Santos não tinha intenção de deixar sua mulher
Crislene Oliveira era apenas mais uma entre várias amantes
A crise no casamento já havia sido superada
Alves dos Santos não parou na blitz porque preferiu falar direto com o então secretário de Segurança Pública, João Manoel Brochado, o que fez quando chegou a sua casa
Um dos assassinos de Ana Elizabeth, Lindauro da Silva, era ligado a pessoas do círculo de relação do ex-deputado João Alves, que deveria ter sido investigado com maior profundidade

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