São Paulo, sábado, 5 de julho de 1997
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Família acreditava na absolvição de Santos

DANIELA FALCÃO; AUGUSTO GAZIR
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A PLANALTINA

A família de José Carlos Alves dos Santos estava confiante na absolvição do réu quando ouviu a notícia de que ele havia sido condenado a 20 anos de prisão.
Durante as duas horas em que os jurados estiveram reunidos para definir a sentença, os dois filhos mais velhos de Alves dos Santos -Adriana e Eduardo- conversaram e até riram. Rodrigo, o filho caçula de 13 anos, não compareceu ao julgamento.
Após o anúncio da condenação, Adriana invadiu o plenário e abraçou o pai, que chorava muito. Eduardo tentou fazer o mesmo, mas foi detido pelo policial civil que fazia a segurança. Voltou a sentar e, chorando, gritou que seu pai fora condenado pela imprensa.
Adriana ficou quase cinco minutos enxugando as lágrimas do rosto de seu pai. Em seguida, acompanhou o pai até o interior do fórum, evitando que ele fosse abordado por outras pessoas.
O réu foi levado à sala em que ficou preso durante os oito dias do julgamento, onde encontrou Eduardo. Os três ficaram juntos por cerca de 20 minutos. Adriana e Eduardo deixaram o fórum abraçados, no banco de trás do Fiat Tipo dirigido pelo marido de Adriana, Luiz Porto.
José Carlos só saiu do fórum às 6h30, dentro de um camburão da Polícia Militar.
Telão Durante toda a noite de quinta-feira e madrugada de ontem, centenas de curiosos ficaram plantados na porta do Fórum de Planaltina. Eles não haviam conseguido entrar no tribunal e acompanharam todo o julgamento por um telão instalado do lado de fora.
Não havia consenso sobre a inocência ou culpa de Alves dos Santos e a maioria previa que o resultado seria apertado, o que de fato ocorreu. A esperança de que Alves dos Santos seria absolvido ganhou força na tarde de quinta, após o depoimento de Adriana Porto, filha mais velha do economista.
Adriana falou por mais de três horas e afirmou que jamais encontrou qualquer prova definitiva que mostrasse que seu pai havia mandado matar sua mãe.
"Eu sou filha do réu, mas também da vítima. Por isso, mais do que ninguém, tenho interesse em descobrir a verdade, saber o que aconteceu", disse. Adriana afirmou que o pai havia se deslumbrado com o dinheiro da corrupção do Orçamento e que havia "traído duramente" sua mãe.
Também admitiu que José Carlos conhecia os assassinos de Ana Elizabeth. "Por meio do envolvimento dele (José Carlos) com Crislene (a amante), houve uma conexão com os assassinos da minha mãe. Mas daí a dizer que foi ele quem matou é outra coisa", disse.
(DANIELA FALCÃO e AUGUSTO GAZIR)

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