São Paulo, sábado, 5 de julho de 1997
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Sete policiais são mortos em três dias

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos sete policiais (cinco PMs e dois policiais civis) foram mortos a tiros na Grande São Paulo e três ficaram feridos nos últimos três dias. Outros quatro PMs foram espancados por assaltantes.
As mortes, segundo entidades de classe, contribuem para aumentar o clima de revolta entre os policiais, descontentes com o salário.
Dados do comando da PM mostram que o número de mortos na corporação está aumentando. No primeiro semestre deste ano, seis PMs morreram (só são computadas mortes em serviço). Nos primeiros dias deste mês, foram cinco (sendo duas fora de serviço).
As mais violentas aconteceram na última terça-feira, em Guarulhos (dois PMs metralhados). Na mesma cidade, anteontem, quatro PMs foram espancados.
"Isso estimula ainda mais o sentimento de revolta. A vida de um policial vale muito pouco ultimamente", disse Lourival Carneiro, presidente do sindicato dos investigadores. "A morte faz parte do trabalho policial, mas não podemos morrer por tão pouco."
Para Wilson de Oliveira Moraes, presidente da associação de cabos e soldados, a situação acaba criando um clima de hostilidade maior. "O bandido não respeita mais a polícia. E, para o governo, a vida do policial vale muito pouco." Segundo ele, a questão será discutida também na primeira rodada de negociação a respeito de reajuste salarial, na segunda-feira.
Para o comando da PM, a situação está saindo da normalidade. "Isso nos preocupa bastante", afirmou Roberto Lemes da Silva, comandante-interino do CPM (Comando de Policiamento Metropolitano). Para tentar minimizar o problema, a PM comprou 6.249 coletes a prova de bala.
Na Polícia Civil, de janeiro a maio, foram quatro mortes. Entre anteontem e ontem, duas. Por ironia, o investigador Itamar Amador foi morto quando estava indo para o enterro do também investigador Luzomar Coelho de Souza.
O delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Paulo Braga Braun, não foi encontrado para comentar o assunto. A Secretaria da Segurança Pública também não se pronunciou, pois o secretário José Afonso da Silva estava em Minas Gerais.

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