São Paulo, sábado, 5 de julho de 1997
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Rita Lee se auto-homenageia em CD

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Rita Lee resolveu, em seu 25º disco (somadas parcerias com Mutantes, Tutti Frutti, Gil e Roberto de Carvalho), homenagear a si própria: "Santa Rita de Sampa" é o nome do novo CD.
Além do autotributo, Rita devolve em "Homem-Vinho", 19 anos depois, a citação de Caetano em "Sampa" e recebe como convidados Guinga e os Raimundos.
Reclusa, Rita evita contato direto com a imprensa e divulga o CD via e-mail. Leia a seguir trechos da entrevista eletrônica.
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Folha - A que direção sua música aponta neste novo disco?
Rita Lee - Acho que para todas as direções. Tem pauleiras, baladas, brega, chorinho, toada e "latinidad". Gosto de uma boa salada mista com temperos variados, sou aluna exemplar do tropicalismo.
Folha - "Santa Rita de Sampa" é uma auto-homenagem? Por quê?
Rita - A musica "Santa Rita de Sampa" é auto-deboche misturado com auto-estima. Foi baseada no que as pessoas me dizem na rua acrescentado do que eu penso de mim mesma quando me olho no espelho. Afinal, não é todo mundo que chega bonitinha aos cinquentinha feito eu, não é mesmo?
Folha - As fotos do encarte citam Marlene Dietrich?
Rita - Puxa vida, vi todos os filmes de Fred Astaire para copiar o modelito, e você me confunde com La Dietrich? Já passei da fase noviça, hoje tenho pretensões a santa mesmo. Visto-me à la Mr. Astaire por idolatria.
Folha - Qual a idade das canções do CD? São em geral novas ou estavam no baú da Rita?
Rita - "Tum Tum" é de 79, agora com arranjo maravilhoso do Guinga. "Ando Jururu" deve ser da época Tutti Frutti, e foi ouvindo o arranjo que os Raimundos fizeram que me dei conta de que dava panos para manga. Tirando "Menino de Braçanã", de Luiz Vieira e Arnaldo Passos, o CD é feito de músicas novas compostas no período da "Zorra" e posterior.
Folha - O refrão de "Tum Tum" está também no disco dos Virgulóides. Existe alguma sincronia?
Rita - Essa letra rolava nas excursões da minha escola. Espero que os Virgulóides não me processem por plágio, seria difícil provar minha tese.
Folha - "Santa Rita de Sampa" precisava necessariamente conter uma homenagem a Caetano?
Rita - O disco é meu e homenageio quem eu quiser! Caetano é meu mestre há 30 anos. Sou uma discípula grata por ter aprendido com ele e Gil a fazer música.
Folha - Por que o nome de Roberto de Carvalho desapareceu das capas de seus CDs?
Rita - Ele assina os arranjos e a produção deste trabalho, além de ser seu co-autor. A contratada da PolyGram sou eu, e Roberto está presente da maneira correta.
Folha - Por que e-mail em vez do contato pessoal com a imprensa?
Rita - Visei a segurança da imprensa. Não sei se você sabe, tenho um lado Mike Tyson quando me dão cabeçadas distorcendo palavras ou perguntando quando vai ser minha próxima overdose.

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