São Paulo, sábado, 5 de julho de 1997
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Faixas e coroas

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Continuo achando que a internáutica é que nem aqueles botões vermelhos que antigamente havia nas esquinas e que serviam para chamar os bombeiros em casos que os jornais classificavam de "sinistros". Tinham sua utilidade. Mais: tinham a sua necessidade.
Não foram inventados para que qualquer um, por qualquer motivo, apertasse os botões. Recusando-me a penetrar no seleto grupo de internautas, mesmo assim pego as sobras de amigos e empresas que me passam mensagens (boas ou más) que, honestamente, descartaria.
Outro dia cheguei em casa e do meu fax pendia uma comprida tira de papel com cumprimentos e críticas, umas e outras óbvias, perfeitamente dispensáveis. E, de cambulhada, alguns pedidos de esclarecimentos. Um estudante de direito da PUC/SP, por exemplo, levanta uma questão que até hoje não foi cogitada.
Se FHC se reeleger, quem passará a faixa presidencial para ele? Como se sabe, presidente da República é que nem miss em final de concurso. Há que passar a faixa do chamado reinado da beleza. No caso de FHC ser reeleito, ele receberá a faixa dele mesmo?
Como se vê, é assunto importante, mas fora de minhas preocupações. Para responder ao leitor, lembraria que Napoleão, ao ser coroado pelo papa Pio 7, na hora H tirou a coroa das mãos do papa e coroou-se a si próprio. Depois, ele próprio já coroado, coroou sua mulher de então. O monumental quadro de David no Louvre mostra a cena, muito edulcorada como tudo o que pintava -afinal, David foi uma espécie de Sebastião Salgado do Diretório e do Império.
Não sei se o leitor ficará satisfeito com a lembrança. De qualquer forma, creio ter respondido a mensagem vinda de Monday, June,30,1997,21:36:56. Tantos e tais números para mim são cabalísticos, suponho que sejam data e hora, não tenho certeza. Certeza tenho que tanto o leitor como eu perdemos tempo.

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