São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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"A CPI não entendia nada de cálculo"

FREDERICO VASCONCELOS; MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL

O professor Rio Nogueira, 74, proprietário da empresa de atuária Stea, rebate as críticas que recebeu da CPI sobre os fundos de pensão. "A CPI não entendia nada de cálculo atuarial", disse.
Sobre a fiscalização na fundação Steio, de sua propriedade, Nogueira diz que tem recebido apenas visitas de rotina de fiscais. "O Steio está coberto de reservas."
Nogueira atribui as críticas que sofreu da comissão a "pessoas interessadas em denegrir".
Criador da Petros, primeiro fundo de pensão estatal, Nogueira, um catedrático aposentado e ex-diretor do INSS, acredita que as acusações partiram de pessoas ligadas a empresas concorrentes.
Ele diz que nem foi convocado para depor na CPI: "Não me chamaram, porque não queriam ouvir a verdade".
O atuário credita também as críticas que recebeu a uma interpretação errada de sua metodologia. Nogueira diz que há um conflito entre a escola de atuária norte-americana e a européia.
"Quando se equilibra um sistema de seguridade, ou se admite que o sistema seja dinâmico e recebe massas jovens, ou que ninguém entra mais no sistema."
"O primeiro é o padrão europeu. O segundo é o norte-americano, que é bom para os Estados Unidos. No Brasil, tínhamos que adotar o sistema europeu", diz.
Segundo ele, o que há, nos jornais, é a apologia de modelos norte-americanos, que não usam a dinâmica demográfica. Essa metodologia foi introduzida no Brasil entre 1970 e 1977.
"Desenvolvemos o sistema para empresas do governo. A idéia de criar uma complementação da previdência oficial surgiu quando o marechal Adhemar de Queiroz era presidente da Petrobrás. Meu escritório estava começando, no Brasil. Levamos sete anos para implantar a Petros", diz.
O ex-presidente Ernesto Geisel indicou o escritório de Nogueira a outras estatais. "Só havia o meu escritório", diz.
Sobre o fato de atender à maioria das estatais, atribui à sua notória especialização. "Quando há licitação, me recuso a entrar porque há retaliação."
(FV e MA)

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