São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997 |
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Fundos de ações crescem 260% no ano
GABRIEL J. DE CARVALHO
Entre entradas e saídas de dinheiro só no mês passado, sobraram R$ 2,7 bilhões no colo dos fundos de ações carteira livre, os mais atraentes e com patrimônio na casa dos R$ 16 bilhões. Cresceram 293,6% no semestre e 26,6% em junho. Os fundos de ações tradicionais evoluíram menos e fecharam junho com patrimônio líquido de R$ 2,55 bilhões, de acordo com dados do Banco Central. Mas nem de longe foram uma decepção, pois engordaram 138% no semestre e 20% em junho. Logo depois da estréia da CPMF, em janeiro, o crescimento dos fundos carteira livre foi muito influenciado pelos investidores institucionais (fundos de pensão, seguradoras etc.) que queriam driblar esse custo. Operando na Bolsa por meio de um fundo -no caso exclusivo-, gira-se a carteira de ações sem pagar a CPMF. Passada essa fase, eles continuaram engordando também com aplicações de pessoas físicas de classe média. O segredo dessa expansão acelerada no Brasil está na coincidência de juros em queda com o fôlego interminável das Bolsas. Fundos de renda fixa com desempenho excepcional dão rentabilidade igual à do CDI, o juro interbancário, que está no patamar de 1,60% ao mês. No resgate, como o Imposto de Renda fica com 15% do rendimento, a taxa de 1,60% já cai para 1,36%. Nada mal, por exemplo, para um norte-americano acostumado a 5% ao ano, e muito onerosa, ainda, para o giro da dívida pública, cujos juros estão na mesma faixa. Para muitos brasileiros, porém, rentabilidade desse tamanho deixou de ser atrativa, comenta Marcelo Faria, analista de investimentos da corretora Síntese. A fase de ouro nas Bolsas, embora mundial, tem por aqui motivos particulares: o Plano Real se mantém firme por três anos e a oferta de papéis é praticamente a mesma para uma procura que, só nos fundos, triplicou neste ano. A transferência da renda fixa para a variável foi cavalar, mas Marcelo Giufrida, vice-presidente de investimentos do Banco CCF Brasil, vê sinais de acomodação. Nos EUA, cerca de 45% dos investimentos em fundos estão nos de ações, exemplifica Giufrida. Tão cedo o Brasil não terá um nível assim. Na opinião dele, entretanto, aqui a participação de 13% ou 15% da renda variável no patrimônio total dos fundos não é realista. Cerca de R$ 50 bilhões do total de R$ 140 bilhões dos fundos são recursos tipicamente de renda fixa, de empresas e de investidor estrangeiro, não transferíveis por natureza para a renda variável, argumenta Giufrida. Assim, a participação dos fundos de renda variável no Brasil já estaria acima de 20% e caminhando para 25% no total do setor, patamar não muito diferente de outros países, afirma. LEIA MAIS sobre aplicações financeiras nas págs. 2-8 e 2-9 Próximo Texto: Relação inversa; Questão de sobrevivência; Mostrando números; Empregando mais; Fugindo do encargo; Com a peneira; Nova rodada; Até na campo; Ganhando menos; Em sintonia; Efeito dominó; O equilibrista; De porta em porta; No vermelho; Em xeque; Mostrando a cara Índice |
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