São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bancos de fora trazem US$ 2 bi no Real

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ingresso de capital estrangeiro para compra de bancos brasileiros ou aumento da participação acionária em instituições financeiras somou US$ 2 bilhões entre julho de 1994 e maio de 1997.
A estimativa preliminar é do diretor técnico da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais), Octávio de Barros. A previsão foi feita com base em dados do Banco Central.
O cálculo oficial, que é feito pelo BC, ainda não está pronto. O maior volume de recursos ingressou este ano para compra do Bamerindus pelo inglês Hongkong and Shanghai Banking Corporation: US$ 1 bilhão.
Os US$ 2 bilhões representam praticamente 10% do total acumulado de recursos diretos que os estrangeiros investiram no Brasil no mesmo período: US$ 19,980 bilhões, segundo a Sobeet.
"Mais do que positivo, esse ingresso foi necessário", disse Barros. Segundo ele, o capital estrangeiro foi e continua sendo importante para o processo de reestruturação do sistema financeiro.
Santander
Antes do HSBC, o governo brasileiro autorizou o Banco Santander, da Espanha, a aumentar sua participação no mercado brasileiro por meio da compra de ações ordinárias (com direito a voto) do Banco Geral do Comércio.
Agora, o banco espanhol já informou ao governo brasileiro que tem interesse em comprar o Noroeste. O Santander já atuava no Brasil com uma filial em São Paulo e pretende abrir 200 agências em cinco anos.
Outros bancos estrangeiros que já atuavam no Brasil e também aumentaram sua participação societária foram os franceses Société Genérale, no Sogeral, e o Sudameris, no banco brasileiro com mesmo nome.
O CMN (Conselho Monetário Nacional) recomendou ao presidente Fernando Henrique Cardoso que permita a instalação no país do Korea Exchange Bank, o maior banco comercial da Coréia do Sul.
Barros disse que o ingresso de capital estrangeiro para compra de bancos e aumento de participação acionária deve continuar, principalmente com a venda para o setor privado de bancos estaduais.
Continuidade
"Esse é um processo que ainda está começando e esperamos um volume bem maior de recursos", afirmou Mansueto Facundo, coordenador de Política Monetária da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
Facundo disse que um dos motivos para o interesse dos bancos estrangeiros na economia brasileira é seu forte potencial de crescimento, principalmente na concessão de empréstimos ao setor privado.
Nos países onde esses bancos atuam, disse ele, a receita que vem aumentando é aquela obtida com a concessão de serviços que não rendem juros.
No Brasil, o mercado de crédito bancário ainda tem potencial de crescimento.
Em termos tecnológicos, o Brasil é apontado, junto com o México, como o país de tecnologia bancária mais avançada da América Latina, conforme pesquisa feita no começo deste ano pela empresa de consultoria Salomon Brothers.

Texto Anterior: Poupança e FIFs também crescem
Próximo Texto: Governo empaca em 'prioridades'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.