São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Governo empaca em 'prioridades'
GUSTAVO PATÚ
Em entrevista à Folha em dezembro de 94, dias antes de assumir o cargo, o ministro Pedro Malan (Fazenda) listou os pontos a serem atacados de início pela equipe econômica, com expectativa de resultados logo no primeiro semestre do mandato de FHC. As prioridades citadas eram as seguintes: 1) Reforma fiscal, ou a redefinição das receitas e gastos públicos de forma a obter equilíbrio das contas da União, dos Estados e dos municípios: não houve avanços dignos de comemoração. O déficit público disparou no governo FHC e as reformas constitucionais estacionaram no Congresso. 2) Redução dos custos de produção: o progresso mais comemorado foi conseguido no ano passado, quando o Congresso aprovou a redução do ICMS sobre produtos básicos e semimanufaturados destinados à exportação. 3) Redução dos custos do emprego: não se conseguiu remover os "penduricalhos", nas palavras de Malan em 94, como impostos e contribuições incidentes sobre as folhas de pagamento. 4) Desindexação: na comemoração do primeiro ano do Real, o governo editou medida provisória extinguindo os reajustes automáticos de salários e contratos, que, mesmo debaixo de polêmica, acabou aprovada pelo Congresso. 5) Aperfeiçoamento dos regimes monetário e cambial: BC instituiu limites para a variação das cotações do dólar e reduziu os juros dos empréstimos aos bancos. Exportações Ao longo dos três anos de Plano Real, outra prioridade passou a fazer parte da agenda da equipe econômica: estimular as exportações de forma a conseguir o equilíbrio da balança comercial sem necessidade de conter as importações por meio de tarifas ou redução do crescimento econômico. O país ainda não conseguiu a "estabilidade econômica", expressão que virou lugar-comum nos discursos oficiais sobre as realizações do governo. Só foi conseguida a estabilização da inflação. Sem equilíbrio nas contas públicas e nas contas externas, sem falar nas mudanças propostas para os custos do emprego, a economia ainda está sujeita a mudanças de rumo e momentos de incerteza. Em 95, por exemplo, o governo foi obrigado a frear o crescimento econômico para evitar déficits comerciais excessivos. A economia retomou a trajetória de crescimento no final de 96, mas a volta dos déficits comerciais trouxe novas medidas de contenção da atividade neste ano. Texto Anterior: Bancos de fora trazem US$ 2 bi no Real Próximo Texto: Japão congela investimento na Tailândia Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |