São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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ATAQUE AO MERCOSUL

A julgar pela atenção e pelas críticas que o Mercosul tem recebido de personalidades americanas ligadas às questões comerciais, o Brasil e seus parceiros vêm alcançando certo sucesso na formação de seu bloco econômico. O Mercosul dá sinais de ganhar também maior relevância diplomática. Essa é talvez a principal lição da recente crítica do ex-negociador dos EUA no Gatt, Jeffrey Schott, à posição do Brasil em relação à Alca (a futura Área de Livre Comércio das Américas).
Os EUA prefeririam que cada país do Mercosul negociasse diretamente na Alca, o que é compreensível. Mas às nações do Cone Sul parece mais interessante consolidar entre si vínculos mais estreitos, para então negociar em conjunto com a maior potência econômica do globo.
Alguns órgãos internacionais sempre fizeram ressalvas à formação de blocos econômicos. A crítica de um diretor do Banco Mundial de que o Mercosul estaria, em certa medida, "desviando" o comércio de outras regiões parte da idéia de que, em tese, é sempre preferível defender uma liberalização a nível global. Mas o fato é que esses mesmos organismos aceitaram plenamente blocos econômicos mais relevantes e poderosos, que há tempos existem na Europa Ocidental e na América do Norte.
Na prática, portanto, esse tipo de crítica doutrinária à formação de áreas econômicas regionais não encontra grande repercussão. O período de constituição do mercado comum europeu, de integração entre EUA e Canadá e de acordos regionais na Ásia foi também o que registrou enorme crescimento no comércio mundial. Existe ampla bibliografia apontando que tais acordos são em verdade propulsores e não inibidores do intercâmbio econômico global.
O que está em questão, isto sim, é a disputa política pelo domínio comercial no continente. E, nesse sentido, a posição do Mercosul é claramente a que mais convém aos países membros e possivelmente a várias outras nações da América do Sul.

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