São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997 |
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TV paga e leis de incentivo facilitam entrada de pequenas produtoras na TV
MARIANA SCALZO
"Com a chegada da TV paga há um déficit de programação", aponta Marcelo Pereira, 33, da Vista Filmes, que está fazendo projetos para o canal Futura, da Fundação Roberto Marinho. A Vista Filmes só fazia filmes publicitários e há dois anos se dedica também a projetos para TV. "Aqui, as televisões são produtoras e retransmissoras. Nos Estados Unidos, as grandes redes produzem apenas 30% do material, então acabam se especializando em jornalismo e esportes. No Brasil, a produção tende a caminhar para esse lado", fala Beto Salatini, 39, da Salatini Filmes. Para ele, "quando só as transmissoras produzem, há apenas uma opinião sendo veiculada." A Salatini está há cinco anos no mercado de publicidade. Agora desenvolve projetos para a TV. Incentivo Outro ponto importante que ajuda o desenvolvimento de programas independentes são as leis de incentivo cultural do país. "As leis viabilizam os projetos. Se um programa custa R$ 1 milhão, por exemplo, pode acabar saindo por R$ 200 mil se você usar todas as leis", diz Pereira. A produtora Gil Ribeiro Filmes também trabalhou apenas com publicidade durante cinco anos. No último ano desenvolveu seu primeiro programa para TV. "Mulher Invisível", a primeira investida da produtora, teve direção de Diléa Frate e roteiro e idealização da atriz Carolina Ferraz. Cinco episódios foram exibidos em maio no canal GNT. Agora, a produtora está em negociação para transformar o "Mulher Invisível" em um produto fixo na programação do canal GNT. "Ele deve ir ao ar em uma edição de meia hora, uma vez por semana, a partir de setembro", diz Gil Ribeiro, 44. Para ele, o mercado mudou radicalmente com a entrada da TV paga. "Há também uma questão básica: a venda de assinaturas está diretamente ligada à qualidade da programação." Além de "Mulher Invisível", Ribeiro desenvolve uma série de quatro documentários para a TV Cultura. "Tietê - Um Rio a Caminho do Mar" começa a ser produzido neste mês. Estruturação Com a abertura do mercado, a Prodigo Films, de Adriano Civita, 28, também estrutura um núcleo para fazer programas de TV. A produtora tem pronto o piloto do "In Moda", um programa de 30 minutos que aborda vários aspectos da moda, não só tendências, mas também a indústria e a história. O "In Moda" já foi negociado com a TVA e deve entrar no ar no próximo ano. "O mercado da TV paga deve crescer muito nos próximos anos. Estamos tentando resolver a equação entre bom preço e boa qualidade", fala Civita. Segundo ele, "muito dinheiro vai entrar na TV paga. Os investidores estrangeiros estão muito interessados. É ingenuidade pensar que novos programas não vão rolar." A produtora O2 também montou núcleos para desenvolver projetos para cinema e TV, além de sua principal atividade, os filmes publicitários. "Com a segmentação de canais e o crescimento das TVs comunitárias, vai haver uma maior solicitação", diz Andréa Barata Ribeiro, uma das sócias da O2. "Estamos orçando projetos para o Futura, que vão desde a pré-escola até aperfeiçoamento cultural. Também fizemos o piloto para um programa para adolescentes", explica Andréa. Segundo ela, montar uma equipe e desenvolver vários projetos paralelos ajuda a reduzir o custo de cada programa. A Chroma Filmes também desenvolveu seu núcleo há um ano. Seu primeiro projeto para TV foi "A Turma do Arrepio", que vai ao ar na Manchete. Também negocia o "Freelance", sobre publicidade, com o Multishow. Segundo Mário Bove, 43, "esse mercado deve aquecer mesmo dentro de uns três anos -e também quando for possível medir audiência na TV paga". Texto Anterior: Record lança minissérie e inicia nova produção Próximo Texto: Canal Futura incentiva parceria com escola Índice |
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