São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Estado exporta doença para outras regiões do país

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

São Paulo está "exportando" a epidemia de sarampo para outras regiões do país. Pelo menos dois Estados já registraram surtos isolados da doença, causados por pessoas que haviam contraído sarampo em São Paulo.
O primeiro surto aconteceu na região de Feira de Santana (BA), onde foram registrados 25 casos. Em Araripe (CE), o surto atingiu 18 pessoas.
"Como as cidades atingidas na Bahia e Ceará eram pequenas, foi fácil controlar a expansão do sarampo. Mas São Paulo tem um dos maiores fluxos migratórios do país e há sempre a ameaça de que atinja outras capitais", afirma Jaime Barbosa, diretor do Centro de Epidemiologia da Fundação Nacional da Saúde.
Outro agravante é o fato de julho ser mês de férias, o que aumenta ainda mais o número de pessoas entrando e saindo de São Paulo.
Vacinação em massa
Barbosa afirmou que, se não houver queda nos casos de sarampo registrados neste mês em São Paulo, todas as crianças que vivem na região metropolitana e nos municípios em que houve surtos da doença serão revacinadas na próxima Campanha Nacional de Multivacinação, em 16 de agosto.
"Só estamos esperando que o Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo envie as ocorrências de sarampo de julho para decidirmos o que fazer. Se os casos não tiverem caído, é porque a campanha de 21 de junho não fez o efeito esperado", diz Barbosa.
Outra medida que deverá ser tomada para evitar que a epidemia de sarampo se espalhe pelo resto do país é diminuir para 6 meses a idade mínima da vacinação.
Normalmente, só são vacinadas crianças a partir de 9 meses. A decisão de baixar a idade foi tomada depois que foram registrados em São Paulo vários casos de bebês com menos de 9 meses que haviam contraído a doença.
A redução da faixa etária deverá valer para todo o país e, segundo Barbosa, não causa risco à saúde do bebê. "Normalmente só vacinamos a partir dos 9 meses porque já não há mais anticorpos da mãe no corpo do bebê, e há garantia de que a criança ficará imunizada para sempre. Aos 6 meses, o bebê pode tomar vacina contra sarampo sem riscos, mas terá de receber dose de reforço mais tarde."
Segundo Barbosa, a epidemia de sarampo em São Paulo foi causada por dois motivos. O primeiro foi um erro no cálculo da porcentagem de crianças que haviam sido imunizadas nos últimos cinco anos. "Os dados indicavam que 100% das crianças haviam sido imunizadas, mas só 80% haviam de fato recebido a vacina", diz.
O segundo problema foi o retardo com que a epidemia foi descoberta. "O surto começou em setembro, mas só foi detectado em dezembro." Barbosa nega que esteja faltando vacina em São Paulo. "Na campanha de multivacinação de 21 de junho sobrou vacina contra sarampo. É impossível que agora esteja faltando", diz.

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