São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Quarto dia do Festival de Montreux tem maior público

PAULO VIEIRA
ENVIADO ESPECIAL A MONTREUX

O quarto dia do Festival de Montreux (Suíça), anteontem, teve o seu maior público.
A organização diz que todas as noites até aqui foram "sold out" (esgotadas), mas na segunda não havia buracos na massa compacta, de pé.
Emerson, Lake & Palmer, a quem cabia abrir o show para o Supertramp, deu novas provas de quão anacrônico era o rock progressivo já em seu próprio tempo, nos anos 70.
Kate Emerson, cercado por teclados em "U", um piano de cauda e conexões elétricas, dava o tom do espetáculo. Já no quarto número, saia de seu "abrigo" com um teclado de mão que lançava faíscas para cima.
O baixista Greg Lake, gordo, falava coisas como: "O show é um dínamo", afastando-se do microfone para os intermináveis solos de Emerson. Carl Palmer, com sua mão pesada e dois bumbos, virava o tempo todo.
Atração principal, o Supertramp fechou corretíssimo, mostrando músicas novas -explorando mais os metais- e as intercalando com os sucessos de ontem. "Take the Long Way Home", "The Logical Song", "Goodbye Stranger" estavam no repertório -graças a Deus, "Dreamer" não foi incluída.
A banda inglesa lembra um pouco os Demônios da Garoa -vão-se os velhos, entram os jovens. Rick Davies, o líder, continua lá, cantando a maioria das músicas, fazendo falsetes, mas já abre espaço para outro pianista em vários números.
"The Logical Song", por exemplo, foi interpretado por seu pupilo, que não atingiu os agudos impressionantes de Davies na pergunta-chave da música: "Who I Am?".
O grupo voltou para um bis e, homenageando o "importante evento do qual nunca haviam participado", tocaram jazz.
Brasileiros
Num dia em que a imprensa suíça escancarava-se em elogios para Carlinhos Brown ("turbilhão", "tornado", "a revelação do festival"), havia ainda brasileiros se exibindo.
No Miles Davis Hall, estiveram Bruno Nunes -um baiano branco que canta num negócio chamado Bahia World Pop-, cujas músicas comerciaizinhas poderiam até fazer sucesso no Brasil, e Paulo Ramos, brasileiro radicado no Canadá que já no terceiro número mandava "Mais que Nada", de Jorge Benjor.
O melhor ficou para o final, com a cantora de soul Marla Glenn, de timbre vocal semelhante ao de Tina Turner, muito deboche, o gestual de um reverendo e a cara gotejando.

O jornalista Paulo Vieira viajou a convite da EMI, Polygram, Wea e Tag Heuer

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