São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997 |
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Gismonti revela permanências em CD
SYLVIA COLOMBO
O disco (BMG) é o último desafio do músico, que há tempos vem compondo e atuando ao lado de orquestras brasileiras. A brincadeira em "Strawa no Sertão" evoca a possível saga do compositor russo em terras brasileiras. Musicalmente, a faixa tem dois momentos: a versão orquestrada de uma zabumba seguida de outra de um maxixe. Seguem-se as citações, e surge na segunda faixa Arthur Rimbaud (1854-1891). Em "Música para Cordas", uma peça linear e acústica, Gismonti inspira-se em "Chanson de la Plus Haute Tour", texto do poeta que aborda a questão da fé. Em Gismonti, folclore e regional deixam um contexto temporal para ganhar um tratamento universal e erudito. O CD tem também frevo, canto popular e valsa. Em sua arqueologia de sonoridades brasileiras, Gismonti já tocou a cultura nordestina, indígena, carioca. A busca, em vez de mostrar o movimento nestas áreas, traz sim suas permanências. Como um perseguidor da "longa duração" -termo usado pelos historiadores franceses dos "Annales" para designar mudanças históricas sutis que não podem ser percebidas ao longo de uma vida humana-, Gismonti acaba descobrindo o som que permanece e dando um tratamento pessoal à base da música brasileira. Disco: Meeting Point Artista: Egberto Gismonti Lançamento: BMG Quanto: R$ 18 (em média) Texto Anterior: Quarto dia do Festival de Montreux tem maior público Próximo Texto: McQueen apresenta coleção de Givenchy; Morre em LA mecenas Dorothy Chandler; Alicante exibe séries de gravuras de Picasso Índice |
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