São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Mostra em Queluz relembra revolução

Exposição em SP vai até 8 de agosto

ANA MARIA GUARIGLIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A Associação de Pais e Mestres de Queluz, cidade na divisa entre São Paulo e Rio, inaugura sábado a exposição "A Grande Revolução Constitucionalista de 32", homenageando o 65º aniversário do movimento paulista.
Fotos, peças de artilharia, vestimentas e documentos da época relembram o clima de intranquilidade criado pela Revolução de 30, que pretendia reformular a vida política brasileira e dar uma nova Constituição ao país.
O líder do governo, Getúlio Vargas, não se pronunciou durante quase dois anos, fato que gerou as manifestações de protestos e de aliciamento em São Paulo.
MMDC
O movimento ganhou a adesão da população, alvoroçando os estudantes universitários, principalmente os da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, que protestavam contra Getúlio.
No dia 23 de maio, em uma dessas manifestações, quatro deles foram baleados e mortos no centro da cidade, Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Américo Camargo de Andrade.
As iniciais de seus nomes e sobrenomes -MMDC- passaram a denominar uma nova entidade, que se ocupava do abastecimento, correio militar etc. No dia 9 de julho, começou a revolução.
Os paulistas organizaram exércitos de voluntários, onde se misturaram todas as classes sociais, operários, aristocratas e intelectuais, que saíam para as frentes de combate contra as tropas federais.
Até as damas da sociedade aderiram ao movimento, integrando os grupos de assistência e socorro, confeccionando uniformes e providenciando alimentação.
Papel de destaque
O movimento também teve a participação do rádio, que, pela primeira vez, teve papel de destaque na vida política brasileira. O radialista César Ladeira insuflava os ânimos com as crônicas diárias escritas por Rubens Amaral, dirigente do jornal "O Correio de São Paulo", que se tornou porta-voz da ação revolucionária.
As cidades do Vale do Paraíba, como Queluz, Lorena, Taubaté, Cunha, Guaratinguetá, Silveira e Cruzeiro se transformaram em pontos estratégicos para o estabelecimento das trincheiras.
Para tentar esfriar o entusiasmo dos revoltosos, o governo bloqueou o porto de Santos, por onde os paulistas esperavam receber armas e munições, e o acesso ao Rio de Janeiro.
Depois de quase três meses de luta, no dia 29 de setembro, Bertoldo Klinger, um dos chefes revolucionários, anunciou a cessação das hostilidades, e o conflito chegou ao seu final.
Apesar de militarmente vencida, a Revolução de 32 conseguiu alcançar suas finalidades.
Em maio de 33, foram realizadas as eleições para a formação do Congresso, e a constituinte foi promulgada em 34, elegendo Vargas como presidente da República.
A Constituição estabeleceu o voto secreto e obrigatório e o direito de voto às mulheres, promulgando as leis trabalhistas, que consagraram o direito dos trabalhadores. Uma das atrações da mostra é a exibição de um filme com as imagens autênticas da época, mostrando o desenrolar da luta e a sua finalização.
As escolas e os interessados em visitar a exposição e conhecer os vestígios históricos deixados pela revolução em Queluz, como a ponte da cidade, destruída pelos revolucionários, devem entrar em contato com a associação.

Exposição: A Grande Revolução Constitucionalista de 32
Onde: Associação de Pais e Mestres de Queluz (r. Tenente Manuel França, 188, tel. 012/547-1308)
Quando: sábado, às 20h; seg a dom, das 14h às 20h; até 8 de agosto
Quanto: entrada franca

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