São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Premiê deposto fala em reinício da guerra civil

Estrangeiros começam a ser retirados

MARTA AVANCINI
DE PARIS

O príncipe Norodom Ranariddh, primeiro primeiro-ministro do Camboja, declarou ontem que o conflito com Hun Sen, o segundo premiê, está levando o país de volta à guerra civil.
Ranariddh falou ontem a jornalistas em Paris. Ele está exilado na França desde a semana passada, antes do início dos conflitos, há quatro dias.
A crise no Camboja se deve ao fato de tropas leais a Hun Sen terem começado a atacar homens ligados a Ranariddh com o objetivo de desarmá-los. Desde 1993, quando a ONU realizou eleições para pacificar o país, os dois comandam juntos o país em um instável governo de coalizão (leia abaixo).
O príncipe quer que Hun Sen aceite a volta dele ao Camboja e que concorde com a abertura de negociações. As negociações seriam mediadas por observadores internacionais e por seu pai, o rei Norodom Sihanouk. Ele quer o restabelecimento da coalizão.
Ranariddh disse que as forças que o apóiam estão avançando em diversas Províncias do Camboja. Ontem, soldados ligados a ele teriam tomado o controle de duas Províncias no noroeste do país, Bankey e Meanchey, mas a informação não pôde ser confirmada de maneira independente.
Os combates no interior começaram um dia depois de Hun Sen ter assumido o controle da capital Phnom Penh. Não houve registro de combates ontem na cidade.
Hoje, Ranariddh embarca para os EUA, onde pretende iniciar um movimento para atrair a atenção para o problema do país. Ele quer uma "intervenção clara" da comunidade internacional.
Um de seus aliados, Ho Sok, foi morto após ser preso. Segundo o Ministério do Interior, ele foi alvejado por tiros disparados por "pessoas nervosas com ele" devido a "sabotagens e complôs".
O governo não esclareceu quando o crime ocorreu nem se Ho Sok ainda estava sob custódia policial.
Tailândia e Malásia já começaram a retirar cidadãos do Camboja. Austrália, Filipinas e Cingapura devem iniciar operação semelhante em breve. Os EUA fizeram uma advertência a Hun Sen e anunciaram o deslocamento de 2.200 fuzileiros navais baseados no Japão em direção ao Camboja para uma eventual retirada.

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