São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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China define regras eleitorais de HK

STEPHEN VINES
DO "THE INDEPENDENT", EM HONG KONG

A China divulgou ontem as novas regras eleitorais que vão valer para a escolha do Parlamento regional de Hong Kong. Foi criado um complicado sistema de representação proporcional, que é único no mundo e que emprega uma fórmula "do remanescente maior", pela qual os candidatos vencedores têm parte de seus votos redistribuídos entre os candidatos menos votados.
O território foi dividido em cinco grandes zonas eleitorais, pondo um fim efetivo ao sistema parlamentar de representação direta das zonas eleitorais -agora vale um tipo de voto distrital misto.
Segundo os críticos, as mudanças são uma tentativa de restringir as chances de candidatos da oposição ao regime comunista de Pequim e garantir um Parlamento submisso -como o atual, composto por legisladores escolhidos pela China.
O atual Parlamento entrou em funcionamento horas depois de os britânicos devolverem Hong Kong à China, no dia 1º de julho. Pequim promete eleições legislativas para o primeiro semestre de 1998.
Para o ex-legislador do Partido Democrata Fred Li, "é evidente que o objetivo é restringir o número de democratas no Conselho Legislativo". Em 1995, na última eleição, os candidatos pró-democracia tiveram vitória arrasadora, conquistando todas menos uma das cadeiras disponíveis.
Outra iniciativa visando reduzir a presença de candidatos pró-democracia é a proibição a detentores de passaportes estrangeiros de se candidatarem nas zonas eleitorais geográficas. A posse de passaporte estrangeiro é comum entre a classe média de Hong Kong. A ex-legisladora pró-democracia Emily Lau, a mais votada na última eleição, integra o grande grupo dos que não poderão se candidatar nesse caso.
O governo vai aumentar sua base de apoio no novo Legislativo, assegurando que 10 das 60 vagas sejam ocupadas por membros selecionados por um comitê de 800 integrantes, que deverá estar repleto de seus partidários. No sistema atual, dez membros são selecionados da fileira de representantes locais diretamente eleitos.
Mas a maior fonte de apoio ao governo deverá vir das vagas reservadas às chamadas zonas eleitorais funcionais, que representarão metade dos membros do Legislativo. Detentores de passaportes estrangeiros só poderão se candidatar a 12 das 30 zonas eleitorais funcionais.
"Não existe sistema eleitoral perfeito", disse Nicholas Ng, secretário de Assuntos Constitucionais, para quem o novo sistema "levará a um resultado que vai refletir totalmente os desejos dos eleitores".

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