São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Fotos confirmam que Marte foi inundado há bilhões de anos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Se a sonda Pathfinder tivesse pousado em Marte bilhões de anos atrás, poderia estar centenas de metros dentro d'água.
O local do pouso, que faz parte de uma região chamada Ares Vallis, foi o palco de uma inundação colossal que teria sido grande o suficiente para preencher a bacia mediterrânea, na Terra.
Segundo Michael Malin, cientista da Nasa (agência espacial dos EUA), a vazão da água deve ter sido de 1 milhão de metros cúbicos de água por segundo, o que equivale a dez rios Amazonas.
Os sinais da existência de inundações no passado marciano são claramente visíveis, segundo a Nasa, na chamada "Monster Pan" (Panorâmica Monstro), uma vista panorâmica da superfície de Marte montada a partir de centenas de fotografias tiradas pela Pathfinder.
Elas mostraram a existência de pedras arredondadas, sinais de erosão por poderosas correntes de água, ondulações na paisagem rochosa e manchas deixadas por poças de água que evaporaram há muito tempo.
Geólogos já sabiam desde as missões Viking, há 21 anos, que inundações gigantes uma vez já assolaram o planeta, agora seco.
Mas as novas fotografias são poderosas evidências, que estão ajudando a confirmar isso.
A água poderia ter coberto uma faixa de Marte de centenas de quilômetros de largura e redesenhado a superfície do planeta.
"Isso foi gigantesco", disse. Ele estimou que as inundações ocorreram entre 1 bilhão e 3 bilhões de anos atrás.
O pesquisador disse ainda que as crostas deixadas nas rochas foram formadas pelo sedimento e pelo sal da água no momento em que ela recuou.
Segundo ele, um padrão semelhante pode ser visto em rochas do Havaí, expelidas pela atividade vulcânica.
Resultados
Os cientistas da Nasa esperavam liberar os resultados das análises feitas pelo robô Sojourner na rocha Barnacle Bill ainda na noite de ontem.
Os dados já foram enviados à Terra, mas, ao contrário do que previa a Nasa anteontem, ainda não foi concluída a análise.
O Sojourner passou dez horas analisando a rocha, apelidada em homenagem a um marinheiro personagem de história em quadrinhos dos anos 30, com um instrumento chamado espectômetro de raios X.
O instrumento é capaz de fazer análises da composição físico-química de solo e rochas.
Ontem, o robô começou a fazer análises semelhantes em outra rocha, a Yogi, batizada por técnicos da Nasa por lembrar um urso (Yogi Bear é o nome em inglês do personagem Zé Colméia). Os resultados estão sendo aguardados para hoje.
Os cientistas esperam que os dados possam ajudar a revelar por quais transformações o planeta teria sofrido e se teria havido vida em Marte.
O pousador tirou as primeiras fotografias de Marte com as câmeras colocadas em uma posição quase rente ao chão. Depois, as câmeras foram acionadas até atingirem dois metros acima do solo, e novas fotos foram feitas. "O que pensamos serem grandes rochas na verdade eram rochas bem menores", disse Peter Smith.

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