São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
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Requião também responsabilizará Maluf

OSWALDO BUARIM JR.
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relatório final da CPI dos Precatórios, em elaboração pelo senador Roberto Requião (PMDB), responsabiliza o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) por prejuízos causados ao município de São Paulo nas negociações com títulos públicos realizadas pelo ex-secretário das Finanças e atual prefeito Celso Pitta.
Segundo o relatório, embora as perdas de R$ 11,6 milhões nas negociações com títulos tenham se dado "por ação do próprio secretário, esse, sendo ocupante de cargo em confiança do prefeito, compartilha com o chefe do Executivo da responsabilidade dos seus atos danosos ao município".
Roberto Requião, relator da CPI, afirma que "caberia ao prefeito o dever de coibir abusos ou irregularidades em detrimento da coisa pública".
Na parte do relatório que fala sobre Maluf, Requião recorda que uma operação que deu prejuízo à prefeitura foi denunciada durante a campanha eleitoral de 1996.
Em vez de adotar os procedimentos legais para punir os responsáveis, segundo Requião, o então prefeito Paulo Maluf tentou "acobertar as ilicitudes".
Além disso, sua decisão de apoiar a candidatura do ex-secretário de Finanças à sua sucessão demonstra "prevaricação ou até envolvimento pessoal nos fatos".
Prevaricação é o crime praticado por servidor público e que consiste em retardar ou deixar de praticar ato de ofício, ou em praticá-lo contra disposição legal expressa, para satisfação de interesse pessoal.
O relatório destaca ainda que a quantidade de cheques da Perfil e da Negocial para empresas de plásticos, produtos gráficos, produção de artes, propagandas e de aluguel de telefones, em São Paulo, "evidencia provável utilização dos recursos em campanhas eleitorais".
Nas operações que causaram prejuízo de R$ 11,6 milhões à prefeitura, somente a Perfil ganhou R$ 350 mil. Quem mais lucrou com as operações da prefeitura, no entanto, foi a distribuidora JHL: R$ 9,9 milhões. Requião passou a descrever a responsabilidade de Paulo Maluf depois que o ex-prefeito se recusou a comparecer a depoimento na CPI dos Precatórios.
Maluf foi convidado duas vezes. Em uma delas, alegou "compromisso inadiável". Depois, preferiu apresentar sua defesa por escrito.
Na quarta-feira, PPB, PMDB e PFL uniram-se para evitar as convocações de Maluf e dos governadores Miguel Arraes (PE) e Paulo Afonso Vieira (SC).
Maluf
Paulo Maluf embarcou na semana passada para a Alemanha. No dia 4 de julho, entregou à CPI documento com cerca de 500 páginas com sua defesa. É um parecer do advogado Saulo Ramos que sustenta que a investigação da emissão de títulos da Prefeitura de São Paulo é inconstitucional.
O parecer afirma que a CPI foi criada para investigar as autorizações, emissões e negociação de títulos feitas em 95 e 96. Como a autorização para a emissão de São Paulo foi concedida em 94, argumenta Ramos, ela não deveria ter sido investigada pela CPI.
Em seu parecer, Ramos acusa o relator da CPI, senador Roberto Requião (PMDB-PR), de fazer uma "curva de raciocínio" para incluir São Paulo na investigação e de "maliciosamente" omitir fatos para justificar essa decisão.

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