São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
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A trajetória de Pitta e seu envolvimento com a CPI dos Precatórios

NOTA OFICIAL DO PREFEITO SOBRE O ALUGUEL DE CARRO EM NOME DE NICÉA PITTA

8/1/93 - Então secretário das Finanças da Prefeitura de São Paulo no primeiro ano da administração Paulo Maluf, Celso Pitta dá entrevista em seu gabinete

11/9/96 - Candidato à sucessão de Maluf na prefeitura, Pitta samba ao lado da porta-bandeira Amélia Alexandre na escola de samba Malungos, zona leste de SP

1/1/97 - Maluf e Pitta se abraçam na transferência do cargo de prefeito de São Paulo, no Palácio das Indústrias, sede da prefeitura

3/1/97 - Pitta deixa o Tribunal de Justiça evitando falar com jornalistas sobre relatório do BC que apontou prejuízo de R$ 8,396 milhões à prefeitura em operações realizadas por Pitta quando secretário das Finanças

13/3/97 - Em meio às denúncias de desvio de dinheiro de precatórios, Pitta dá entrevista coletiva para falar sobre as atividades de Wagner Ramos, ex-coordenador da Dívida Pública da prefeitura

20/3/97 - Nicéa Pitta em seu Vectra preto, placa CPN 2323, em São Paulo. Segundo a Receita Federal, carro foi pago com cheque de empresa, e não em dinheiro, como diz Pitta

30/3/97 - Pitta é vaiado ao entregar o prêmio de vencedor do GP Brasil de F-1 a Jacques Villeneuve. Oito dias antes, tinha sido vaiado em inauguração de programa da prefeitura para menores carentes

O relatório
Relatório final da CPI vai indicar que esquema teve origem na Secretaria das Finanças, quando era dirigida por Pitta, contou com a participação de funcionários da secretaria e teve como um dos principais participantes o Banco Vetor. Em depoimento à CPI dos Precatórios, Ronaldo Ganon, um dos sócios do Vetor, diz ter encontrado Pitta quando este era secretário das Finanças de São Paulo, em 1995

18.mar.97
"Afirmo que até o dia de ontem desconhecia que esse serviço tivesse sido pago pelo Banco Vetor, com o qual nunca mantive qualquer tipo de contato"

20.mar.97
"Só o vi através da TV Senado"
(Pitta, sobre Fábio Nahoum, outro sócio do Banco Vetor)

10.jul.97
"Todos os depoimentos à CPI me isentaram de responsabilidade."
(Pitta, sobre o relatório da CPI dos Precatórios)

O Vectra
A Receita Federal tem dúvidas sobre a compra de um automóvel Vectra realizada por Pitta em junho de 96

8.abr.97
"Eu paguei o carro e, exatamente no mesmo mês, eu recolhi, no carnê-leão, a renda correspondente do recurso utilizado na compra do carro."
(Pitta, negando irregularidades na operação)

7.jul.97
"(É) mais uma história estranha na CPI."
(Pitta, sobre informação da Receita Federal de que o Vectra foi pago com um cheque de R$ 30 mil da empresa Comercial Distribuidora Photografe Ltda., mais um Escort usado)

10.jul.97
"Reafirmo que o carro foi pago em dinheiro à empresa Autoglobal."
(Idem)

O carro alugado
Em março de 96, o Banco Vetor pagou o aluguel de um carro, durante 18 dias, em nome da mulher de Pitta, Nicéa; a conta foi de R$ 6.125,71

18.mar.97
"Sabedora que o carro tinha sido alugado pelo sr. Neiva, minha mulher indagou a ele como faria para pagar o serviço. O sr. Neiva disse então que isso não era motivo de preocupação, já que a locadora havia feito uma cortesia a ele."
(Nota oficial)

7.jul.97
"Fui eu que paguei em dinheiro. (...) Paguei R$ 4.000."
(Pedro Neiva, em depoimento à CPI dos Precatórios)

O cabeça do esquema
Segundo a CPI dos Precatórios, Wagner Baptista Ramos, coordenador da Dívida Pública de São Paulo quando Pitta era secretário das Finanças, era o cabeça do esquema dos títulos públicos e tinha um contrato com a corretora Perfil

27.fev.97
"Esses fatos lamentáveis que foram tornados públicos evidentemente exigem uma tomada de posição, uma atitude firme."
(Celso Pitta, que disse ter ficado surpreso ao saber do envolvimento de seu ex-subordinado)

28.fev.97
"(Wagner Ramos) pode ter ajudado a cometer irregularidades com títulos do Oiapoque ao Chuí, mas não em São Paulo."
(Nota oficial da prefeitura)

3.mar.97
"Isso não é verdade. É totalmente improcedente."
(Pitta, ao saber que Wagner Ramos planejava dizer à CPI que o prefeito sabia de seu contrato com a Perfil)

- Respostas em notas oficiais do prefeito Celso Pitta
Trechos das cartas

1º.fev.97
"(O relatório) está eivado de erros e ilações absurdas. (Como secretário das Finanças do município) não optei por trabalhar com empresas de pequeno porte."
Sobre o relatório do Banco Central apontando irregularidades nas operações com LFTMs (Letras Financeiras do Tesouro Municipal) entre dezembro de 94 e fevereiro de 96

19.mar.97
"Minha mulher trouxe-me o problema e quando procurei uma solução, o sr. Pedro Neiva, sabedor do assunto, protificou-se a resolvê-lo. Afirmo que até o dia de ontem desconhecia que esse serviço tivesse sido pago pelo Banco Vetor, com o qual nunca mantive qualquer tipo de contato."

3.abr.97
"Apenas pessoas completamente desinformadas sobre o mercado financeiro podem afirmar que houve a contabilização de um prejuízo de cerca de R$ 4 milhões para os cofres municipais, na venda de R$ 70 milhões de títulos ao Banco Vetor."

26.jul.97
"Vou recorrer imediatamente da decisão liminar e contestar os termos da ação, que considero absurda e violenta, uma vez que nada devo." Sobre a decisão do juiz da 12ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, Pedro Maríngolo, de bloquear seus bens

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