São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997 |
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Procuradoria pede a condenação de Zélia
ABNOR GONDIM
Zélia é acusada de ter sido favorecida pelo empresário Paulo César Farias para conceder, em 1990, aumento de 17,4% a favor de associados da Rodonal (Associação Nacional das Empresas de Transporte de Passageiros). Segundo o parecer, Zélia tinha "fortes vínculos" com PC, tesoureiro da campanha que elegeu o ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-92). O parecer afirma que, antes de assumir o cargo, Zélia recebeu dois cheques, no final de 1989, de um correntista "fantasma" ligado a PC. O cheque de maior valor equivale hoje a R$ 33,7 mil. "De uma só penada, graças a um único depósito, a dra. Zélia ganhou mais de quatro vezes o salário mensal do presidente da República", afirma o parecer, assinado pelos subprocuradores da República Haroldo Nóbrega e Paulo Campos. Um dia antes de a ex-ministra autorizar o aumento, a Rodonal depositou US$ 813 mil em contas "fantasmas" de PC. Parte desse dinheiro foi repassado para a conta bancária de João Carlos de Freitas Camargo, ex-assessor de Zélia. Ele disse no STF que utilizou esse dinheiro para pagar a reforma da casa de Zélia em São Paulo. O parecer, apresentado no último dia 7, contém as alegações finais da procuradoria, a penúltima etapa do processo antes do julgamento. Restarão apenas as alegações finais da defesa da ex-ministra para o julgamento do caso. Dívidas de campanha Tales Castelo Branco, 61, advogado da ex-ministra, disse à Folha que ela recebeu depósitos de PC em 89 para pagar as despesas para a elaboração do programa econômico de Collor. "PC era o tesoureiro da campanha e disse que repassou dinheiro para Zélia pagar despesas relativas à organização do programa", disse o advogado. Segundo ele, nenhum dinheiro dos "fantasmas" de PC foi repassado para pagar a reforma da casa da ex-ministra. "O próprio PC disse que fez depósitos a favor de João Carlos Camargo para pagar dívidas de campanha", disse ele. Na sua avaliação, ela será absolvida porque 70% da reforma de sua casa foi concluída antes de PC começar a fazer depósitos na conta de Camargo. A ex-ministra mora hoje nos Estados Unidos e não foi localizada pela Folha. Texto Anterior: Espectador apóia crime financeiro Próximo Texto: Processo lento Índice |
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