São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
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IRA fere cinco na Irlanda do Norte

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

Cinco membros das forças de segurança britânicas na Irlanda do Norte foram feridos a tiros no final da noite de ontem em uma área republicana de Belfast.
Os policiais faziam checagem de veículo quando um grupo, supostamente guerrilheiros do IRA, desceu de um carro já disparando e atirando bombas.
Nenhum dos feridos corre risco de vida. O ataque ocorreu pouco depois de protestantes terem cancelado quatro marchas que passariam hoje em áreas católicas da Província.
Acreditava-se que a decisão poderia abrir caminho para que o IRA retribuísse a concessão e adotasse um cessar-fogo para poder participar das negociações de paz para a região. Com o novo ataque, porém, o clima voltou a ficar tenso na Irlanda do Norte.
O cancelamento ou redirecionamento da rota das manifestações foi decidido depois de intensa pressão política e por causa da ameaça de que as manifestações gerassem reações violentas junto à população católica.
Distúrbios de rua desencadeados por uma marcha no último domingo em Portadown deixaram um morto e mais de cem feridos.
Os protestantes celebram hoje a vitória do rei protestante Guilherme de Orange sobre o católico James 2º, em 12 de julho de 1690.
Os católicos consideram a passagem das marchas por áreas onde são maioria uma provocação.
Radicais protestantes
Unionistas mais radicais consideraram a decisão uma "rendição" à pressão do governo britânico para que os republicanos sejam admitidos ao diálogo sobre o futuro da região.
A possibilidade de violência não está totalmente descartada. Até a noite de ontem, católicos e protestantes ainda não haviam chegado a acordo para cancelar duas marchas de menor porte.
Gerry Adams, presidente do Sinn Fein, elogiou o cancelamento das marchas, mas não quis "especular" sobre uma possível resposta do IRA à decisão.
O Sinn Fein é o braço político do grupo terrorista. O governo britânico condiciona a participação do Sinn Fein no processo de paz à renúncia da violência pelo IRA. O grupo quer o fim do domínio britânico na Irlanda do Norte.
Uma ordem unionista de Belfast considerou a decisão uma "traição" e pediu aos protestantes que abandonem as negociações de paz.
Ian Paisley, deputado pelo Partido Unionista Democrático, disse que contataria ainda ontem outros líderes protestantes para elaborar uma resposta conjunta à decisão.

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