São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
Próximo Texto | Índice

ALERTA PARA O REAL

Mais dois países do Sudeste Asiático (Filipinas e Indonésia) tiveram ontem que alterar seu regime cambial, ante uma ofensiva do mercado financeiro amparada na percepção de que a taxa de câmbio anterior era insustentável.
Na semana passada, ocorrera idêntico fenômeno com o baht da Tailândia e, um pouco antes, com a coroa da República Tcheca.
O que há de comum em todos esses países e que pode servir de lição também para o Brasil? Há o fato de que todos eles, Brasil inclusive, exibem elevados déficits em conta corrente. Ou seja, têm prejuízos fortes no conjunto de suas transações com os demais países.
Ou, em termos compreensíveis para o mais leigo dos leigos em economia: ninguém, seja um país ou uma pessoa física ou jurídica, consegue viver indefinidamente gastando mais do que ganha. No Brasil, ainda há autoridades da área econômica que insistem em que déficits externos não são um perigoso veneno.
Os casos recentíssimos no Sudeste Asiático, uma região que até muito pouco tempo atrás era citada como um paradigma para o mundo, e, um pouco antes, na República Tcheca, demonstram que essa teoria não resiste aos fatos.
Uma a uma, vão sendo atacadas moedas de países com conta corrente fortemente negativa. É sintomático que as Bolsas brasileiras tenham sofrido uma queda ontem, como reflexo da crise no Sudeste Asiático, comprovação adicional de que país algum fica inteiramente imune ao contágio mesmo de eventos que parecem tão distantes.
Não quer dizer, é claro, que haja risco imediato para a moeda brasileira ou que o governo deve ser açodado na correção da reconhecida sobrevalorização do real.
O importante é aceitar a tese de que, a médio ou longo prazo, déficits elevados são insustentáveis. E usar o tempo disponível para as indispensáveis correções de rota, que são muito mais traumáticas e, às vezes, impraticáveis, quando feitas sob a pressão de ataques especulativos.

Próximo Texto: LUCROS PARA O SOCIAL
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.