São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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FHC lidera em todos os grupos e regiões

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

A um ano e três meses da eleição, Fernando Henrique Cardoso lidera a corrida presidencial em todas as regiões do país e -mais importante para aqueles que o apóiam- entre todos os segmentos sociais.
Aplicada ao cenário eleitoral, a divisão da sociedade brasileira feita pelo Datafolha revela com nitidez quem está mais e quem está menos satisfeito com o governo FHC e com o Plano Real.
A segmentação obtida torna-se assim um instrumento de análise não só da economia e da sociedade, mas também dos rumos político-eleitorais do país.
Divisão social
A pesquisa mostra que, apesar de ampla, a liderança do presidente da República está longe de ser homogênea.
Sua intenção de voto varia de 64% entre os batalhadores das regiões Norte/Centro-Oeste a 25% entre os decadentes do Sul.
Nesse segmento, o presidente está tecnicamente empatado por o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva, que tem 23%.
Decadentes, no caso, são pessoas com escolaridade acima da média (todos concluíram o segundo grau, 21% chegaram ao curso superior), mas que ganham pouco (renda inferior a R$ 1.120,00).
Além disso, possuem bens como TV em cores, carros e videocassete -sinal de que já passaram por melhores momentos.
Essa decadência social, causada pela crise do mercado de trabalho, se reflete na posição política do grupo. Não por acaso, é o segmento em que FHC tem menor intenção de voto no país (31%, no cenário contra Lula).
Batalhadores
Oposto na vida e na opção eleitoral aos decadentes é o grupo dos batalhadores: 78% acham o Plano Real bom para o país e 49% votariam em Fernando Henrique Cardoso se a eleição presidencial fosse hoje.
Os batalhadores são pessoas que não foram além do primeiro grau, mas têm renda acima da média (ganham mais de R$ 2.240,00 por mês).
Nenhum outro grupo se identifica tanto com o presidente: 45% classifica seu governo como bom/ótimo.
FHC tem intenção de voto acima da média também entre os remediados, grupo de pessoas que está na média de renda e de estudo da sociedade. O apoio é maior entre os remediados no Nordeste e do Norte/Centro-Oeste (43%).
Lula, por sua vez, tem seus melhores índices entre os decadentes, variando de 27% no Nordeste a 21% no Sudeste.
Uma explicação possível é o fato de o grupo reunir alguns dos segmentos profissionais mais atingidos pela crise do emprego, como funcionários públicos e bancários -entre os quais há grande taxa de sindicalização.
Entre os demais possíveis presidenciáveis, a opção de voto do eleitor também está ligada aos grupos sociais. Mas, às vezes, o apelo geográfico é mais forte.
São os casos de Paulo Maluf e Itamar Franco. A característica mais marcante de seus eleitorados é que eles se concentram no Sudeste: 13% e 9%, respectivamente.
Apesar disso, é notável que há mais malufistas na elite e entre os batalhadores (12% em ambos os casos) do que, por exemplo, entre os excluídos (9%).
Itamar Franco
O ex-presidente Itamar, por sua vez, tem praticamente a mesma intenção de voto em todos os segmentos: 7%. Só perde eleitores na elite, onde varia de apenas 1% (Sul) a 8% (Nordeste), numa média nacional de 5%.
Já o ex-presidente José Sarney, com suas fortes raízes nordestinas, trafega por todas as regiões com pouca variação em seu percentual de intenção de voto: 10% a 14%.
A chave para entender o eleitorado sarneyzista é a divisão social. Rejeitado pela elite, onde não passa de 1%, Sarney é o terceiro mais preferido pelos excluídos -só perde para FHC e Lula.
A memória do Plano Cruzado e do vale-leite conferem ao ex-presidente de 13% (Sudeste) a 15% (Nordeste) dos votos desse grupo.

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