São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Ascensão social é maior nas metrópoles

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das principais indicações do raio x da sociedade brasileira feito pelo Datafolha é que a vida nas regiões metropolitanas, mesmo sujeita a mais estresse e violência, oferece melhores chances de ascensão social.
Na média de todas as unidades da Federação, a elite chega a 13% nas regiões metropolitanas, contra 6% no interior.
Também os batalhadores, grupo de pessoas emergentes, aparecem mais nas capitais: 4% contra 2%.
Há também mais remediados (que têm renda e escolaridade médias) nas metrópoles (20% a 13%). Só em percentual de excluídos as cidades do interior batem as regiões metropolitanas: 65% de sua população está nesse grupo.
A explicação está nas melhores condições de ensino oferecidas nas maiores cidades e na concentração de empresas, principalmente indústrias, que pagam melhores salários nas regiões metropolitanas.
Novas metrópoles
O retrato obtido pelo Datafolha, entretanto, mostra a situação de quem tem 18 anos de idade ou mais. Ou seja, ainda reflete as condições escolares que essas pessoas enfrentaram anos atrás.
Estudos têm mostrado que, nesta década, há uma migração de empresas e pessoas para o interior. Esse fenômeno está levando à formação de novas metrópoles, por vezes distantes do centro de poder político, localizado nas capitais.
No médio prazo isso pode levar a uma maior oferta de empregos bem remunerados no interior, o que exigirá mão-de-obra mais qualificada e, portanto, provocará uma demanda por melhores escolas.
Até que isso aconteça, porém, as oportunidades de ascensão social continuam aparecendo mais nas capitais.
Não é por outro motivo que os fluxos de migrantes, entre os anos 60 e 80, foram do interior para a capital.
Elite
Nos 11 Estados onde a amostra da pesquisa Datafolha permite a desagregação dos dados, há uma maior concentração de pessoas da elite e menos excluídos na capital do que no interior.
No Estado de São Paulo, por exemplo, a elite representa 12% da população. Na sociedade paulistana, entretanto, essa fatia é maior: 16%. Há também 41% de excluídos na capital, contra 50% da média estadual.
A situação se repete até com maior intensidade em outras regiões. No Sul, Florianópolis tem 23% de população classificada como elite, contra menos da metade disso na média catarinense (11%).
No Nordeste, o contraste entre interior e capital é ainda mais intenso. A fatia da elite em Fortaleza (14%), por exemplo, é quase três vezes maior do que na média da população cearense (5%).
É interessante notar também que o fosso que separa o norte do sul do país é menor entre as capitais. Nos maiores centros, as condições de acesso ao trabalho e ao ensino chegam a ser equivalentes no Nordeste e no Sudeste.
Semelhanças
Salvador e São Paulo, por exemplo, têm praticamente os mesmos percentuais de elite (15% e 16%, respectivamente) e de excluídos (40% e 41%).
Ao se comparar os segmentos sociais das populações do Estado de São Paulo e da Bahia, porém, percebe-se uma grande diferença: são apenas 5% de baianos na elite, contra 12% de paulistas.
O percentual de excluídos na Bahia também é significativamente maior: 65% da população do Estado, contra 50% em São Paulo.
(JRT)

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