São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Tabela de serviços resiste à concorrência

ARTHUR PEREIRA FILHO

ARTHUR PEREIRA FILHO; MAURO ZAFALON
DA REPORTAGEM LOCAL

Redes internacionais de franquias chegam ao país para disputar mercado, mas mantêm preços elevados

MAURO ZAFALON
A era da globalização demorou, mas chegou ao setor de serviços pessoais, grande vilão dos primeiros meses do Plano Real.
Redes internacionais desembarcam no país para disputar o consumidor com os prestadores locais de serviços.
Franquias mundiais de oficinas mecânicas, serviços gráficos, locadoras de vídeo, entre outras, se instalam nas principais cidades do país e já têm planos de expansão.
Essas empresas oferecem, em geral, produtos e serviços de melhor qualidade. Mas não conseguiram provocar o efeito mais esperado: derrubar preços, que explodiram com o Plano Real.
Sem nenhuma concorrência externa, ao contrário do que se registrou na indústria, o setor de serviços se aproveitou do aumento de renda de parte da população, que ocorreu a partir de julho de 94, e passou a reajustar preços desenfreadamente.
Cabeleireiros, barbeiros e manicures, por exemplo, aumentaram preços em 160% só nos dois primeiros anos do Plano Real, quando a inflação esteve em 56%.
Reversão de tendência
A tendência de alta começou a ser revertida nos últimos 12 meses. De acordo com dados da Fipe, os serviços pessoais, por exemplo, subiram apenas 1,38%, enquanto o índice de inflação atingiu 7,08%. "A classe média está começando a recuperar parte do que perdeu na primeira metade do plano", afirmou o secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, durante entrevista no programa de televisão "Roda Viva", da Rede Cultura.
Mendonça de Barros reconhece que na primeira parte do plano "os prestadores de serviços ganharam muito mais do que assalariados típicos de classe média".
Os preços, afirma, começam a refluir por causa da competição, interna e externa. "Existem investidores externos até no setor de cabeleireiros", lembra.
Mas levantamento feito pela Folha (leia reportagem na pág. 2-15) revela que as empresas recém-chegadas cobram mais caro do que as nacionais pelos serviços.
O que explica a redução de preços no setor de serviços nos últimos meses é o aumento da inadimplência e a queda do poder de compra dos consumidores.
Segundo Heron do Carmo, coordenador do índice de Preços ao Consumidor da Fipe, os serviços subiram muito e está esgotada a sua capacidade de novos reajustes. O setor, diz Carmo, foi obrigado a voltar atrás. Nos últimos 12 meses esses preços estão em queda.

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