São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997 |
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O que fazer?
JUCA KFOURI Em tempos de liberalismo, o esporte brasileiro navega sem bússola, caminha sem rumo, voa sem radar.Virou terra de ninguém, ou, pior, de salteadores. Quando a atual legislação foi concebida, tinha-se em vista, exatamente, retirar do Estado o poder de ditar as regras, de intervir, enfim, raciocinava-se que havia coisas mais importantes a serem feitas pelos governantes. Hoje, parece claro que o tiro saiu pela culatra. A chamada Lei Zico acabou por dar aos "amadores" a liberdade de desorganizar a seu bel prazer, uma verdadeira anarquia que se aproveita da autonomia concedida pela lei e não permite que seus aspectos positivos "peguem". A nova lei proposta por Pelé tem o mérito de exigir a profissionalização, mas, por passadista que pareça, seria conveniente recriar um instrumento para que a sociedade possa controlar a administração esportiva do país. Porque é impressionante o número de críticas que o ministério dos Esportes vem recebendo por não intervir na bagunça que toma conta de nosso futebol. Desde as velhas, e sem sentido, reivindicações de levar a CBF para Brasília -como se seus males tivessem relação com o fato de a entidade estar no Rio-, até as simples cobranças de intervenção federal, como as feitas pela própria Folha em editorial recente, exige-se que algo seja feito. Mas, de fato, não há o que fazer, pelo menos com o amparo da legislação em vigor, além da anunciada CPI do Futebol e da ação, sempre lenta, do Ministério Público. Chama a atenção, porém, que mesmo os mais empedernidos defensores do Estado mínimo estão perplexos com a falta de instrumentos para que se possa responder ao clamor popular diante das arbitrariedades e sinais de enriquecimento ilícito que caracterizam o nosso futebol, especialmente, e outros esportes administrados de maneira semelhante. A recriação de um Conselho Nacional dos Esportes em moldes modernos e sem o ranço do espírito que o criou durante o período do Estado Novo pode ser uma solução. Um conselho que represente, de fato, a sociedade, sem injunções maiores deste ou daquele governo, porque governos passam, e o esporte fica. O que não é mais possível é a manutenção do atual estado de coisas, aberração que desdenha dos mais elementares princípios da própria ética do capitalismo. Texto Anterior: Japão ; Espanha ; Argentina Próximo Texto: Corinthians 'catequizado' recebe hoje o Juventude Índice |
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