São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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RODíZIO PARA O ANO TODO

A população da região metropolitana de São Paulo já fez sua escolha. Segundo pesquisa do Datafolha, publicada nesta semana, 72% querem que o rodízio na circulação de automóveis seja estendido a todos os meses do ano. O índice de aprovação da medida certamente seria ainda maior caso as discussões em torno do tema viessem acompanhadas de providências efetivas para a melhoria do transporte público e diminuição da poluição -problema que motivou a implantação do decreto.
Mesmo entre os que aceitam fazer do rodízio uma rotina, a maioria o considera um medicamento de eficácia passageira. Sabem, de um lado, que parte dos motoristas possivelmente compraria um segundo carro usado, a exemplo do que ocorreu no México, e de outro, que em poucos anos o número de automóveis deixados em casa seria largamente ultrapassado por novos veículos que entram em circulação.
Diariamente, cerca de mil carros são incorporados ao tráfego da cidade, e, pelo andar da carruagem, dentro de dez anos, um rodízio com as mesmas características do que está em vigor será insuficiente.
Espera-se que, ao mesmo tempo em que o rodízio se estenda por alguns anos, mas não indefinidamente, os governos municipal e estadual façam do transporte público uma real prioridade. Seria uma oportunidade para implementar e ampliar a rede de ônibus, trens e, principalmente, metrô. Iniciativas que poderiam, inclusive, atrair para o transporte coletivo boa parte das pessoas que se valem de carros particulares.
Trata-se de providências caras, como se sabe, mas inadiáveis ante o sofrimento da população e os prejuízos financeiros causados pelo congestionamento paulistano. Resta saber se o alívio temporário não levaria o poder público a manter-se na letargia em que hoje se encontra.

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