São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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Presos de Bangu 1 são reagrupados

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Os dez atuais ocupantes da galeria D do presídio de segurança máxima Bangu 1, em Bangu (zona oeste do Rio), foram reagrupados dois a dois em cinco celas. Teoricamente, as celas são individuais.
A redivisão dos detentos foi feita pela direção de Bangu 1 para prevenir novas mortes no local, disse à Folha Ciro José Sagrillo, advogado de Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho.
Na semana passada, Ozéas Gonzaga de Souza, o Mau Mau, foi morto a tiros dentro do presídio. Seu comparsa Altair Domingos Ramos, o Nai, também foi baleado e está hospitalizado.
Os presos colocados agora na mesma cela seriam aliados entre si -caso de Uê e José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, que estariam juntos-, o que contribuiria para a proteção pessoal de cada um e para prevenir novos conflitos.
"A direção acha que a maneira de sufocar (conflitos) é colocar os líderes juntos", afirmou Sagrillo.
Com a saída dos baleados, a galeria D, que tem capacidade para 12 presos, abriga 10 no momento.
Segundo o advogado de Uê, o reagrupamento aconteceu anteontem. Na noite de segunda para terça, um preso teve que dormir no chão em cada cela, e o mesmo ocorreria de ontem para hoje.
Ele acusa a direção de Bangu 1 de deixar os detentos da galeria D sem água. "Os presos estão revoltados. Pode explodir uma rebelião a qualquer momento", disse.
A diretora do presídio, Sidneya Santos de Jesus, afirmou à Folha que os presos foram reagrupados somente ontem de manhã.
O motivo seriam os reparos feitos nas paredes das celas de alguns deles.
"Na sexta-feira, determinei uma geral no presídio, e quebramos algumas paredes para verificar se havia armas escondidas, mas não achamos nada. Durante os reparos, alguns internos tiveram que ser colocados juntos, mas eles vão retornar às suas celas", afirmou.
Ela negou que o reagrupamento tenha sido uma medida de segurança e que os presos estejam sem água. "Eles estão tranquilos, sem problema nenhum."
A diretora confirmou que os detentos da galeria D só poderão sair das celas no sábado e que, até lá, não poderão receber visitas.

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