São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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Aeronáutica contesta associação que colocou TAM entre piores do mundo

DA REPORTAGEM LOCAL; DE NOVA YORK

e de Nova York
O critério utilizado pela ATA (Air Travelers Association), empresa norte-americana que classificou 260 empresas aéreas do mundo pelo suposto grau de segurança que oferecem a seus passageiros, foi criticado ontem pela Aeronáutica brasileira e pela FAA (Federal Aviation Administration), órgão que controla a aviação nos EUA.
Para avaliar as empresas, a ATA dividiu o número de acidentes com vítimas fatais pelo número total de vôos realizados pelas companhias aéreas em dez anos.
Vôos de carga ou fretados não entraram na contabilidade, assim como companhias que operaram menos de 20 mil vôos no período considerado, de 1º de janeiro de 87 a 31 de dezembro de 96.
O ranking dá nota F (a pior avaliação) à TAM, que foi classificada entre as 29 piores empresas aéreas do mundo e ficou em 26º lugar entre as 32 sul-americanas. No período, a TAM teve o acidente com o Fokker-100, em outubro do ano passado, quando 99 pessoas morreram.
"Esse critério é doido", disse o coronel-aviador Douglas Ferreira Machado, chefe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), do Ministério da Aeronáutica.
Segundo ele, há outros critérios para se avaliar a segurança em vôo, como rigor da manutenção, idade da frota de aeronaves, tempo de vôo e escala da tripulação e incidentes que não causam vítimas.
Machado comparou as companhias aéreas a empresas de ônibus, para dar um exemplo.
"Em uma empresa, os ônibus se atrasam, quebram no caminho, os motoristas vivem cansados. Na outra, os ônibus são limpos, os motoristas são trocados. Um dia, um ônibus da segunda empresa pega um caminhão desgovernado pelo caminho e mata os passageiros. Qual das duas é mais segura? A segunda, claro."
A Dipaa (Divisão de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), também do Ministério da Aeronáutica, tem a mesma opinião. Segundo informou a assessoria de imprensa do órgão, o critério utilizado pela ATA, tomado isoladamente, seria incorreto.
A TAM anunciou na semana passada que está processando a ATA nos Estados Unidos.
Segundo a empresa aérea, o ranking passaria a falsa impressão de que a TAM não cumpre os procedimentos de segurança de vôo.
David Stempler, proprietário da ATA, diz que usou critérios totalmente objetivos para dar notas as empresas (leia texto abaixo).
Nos EUA
A FAA não considera os números apresentados pela ATA válidos para um ranqueamento das empresas em relação à segurança.
Um deles diz respeito à rota que fazem determinadas empresas. Uma companhia pode, por exemplo, ter mais vôos passando por regiões montanhosas, que são consideradas áreas de maior perigo.
Outro fator é o número de pousos e decolagens que fazem os aviões da empresa. Teoricamente, quanto maior o número, maior o risco de acidentes.

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