São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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Bactérias ficarão mais resistentes

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O professor Edmar Chartone de Souza, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), disse ontem, em palestra da SBPC, que os antibióticos estão perdendo a luta contra as bactérias.
Essa seria uma das razões do ressurgimento de epidemias de pneumonia no mundo inteiro e do aumento de casos de tuberculose.
Segundo ele, a ciência vai ter de continuar, no próximo século, a desenvolver antibióticos mais potentes porque as bactérias também ficarão cada vez mais resistentes.
A razão disso é que os mecanismos de resistência fazem parte do próprio genoma das bactérias, o que faz com que haja mutação espontânea seguida de seleção natural das mais aptas.
Ele afirmou que a depressão do sistema imunológico, por meio da Aids e dos transplantes, e a rapidez nos sistemas de transporte vêm fazendo com que as variedades resistentes surjam e se proliferem com maior rapidez.
Outra causa seria o uso indiscriminado de antibióticos por médicos. Segundo ele, cerca de 30% dos antibióticos utilizados em terapia humana são adicionados à ração animal para aumentar em 4% o crescimento de filhotes.
Substância
Ele disse que a bactéria Staphylococcus aureus, que causa pneumonia, pode se tornar, em pouco tempo, resistente a todos os antibióticos existentes atualmente no mercado. Já foi desenvolvida na UFMG uma variante da bactéria que produz uma substância que inibe a ação do antibiótico mais indicado atualmente contra a bactéria, a vancomicina.
Essa substância, que ainda está em estudo, faria com que o antibiótico deixasse de atuar em todas as bactérias, inclusive as que são sensíveis ao medicamento.
Segundo o professor, essa variante vem sendo estudada há um ano pela equipe da UFMG com muitos cuidados para impedir que ela se espalhe.
"Antes que (a variação resistente) aconteça clinicamente, tem de surgir rapidamente uma nova droga (para combatê-la)", disse ainda o professor.

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