São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 1997
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Polícia acha vestígio de detonador e passa a suspeitar de bomba-relógio

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O IC (Instituto de Criminalística) da Polícia Civil de São Paulo encontrou vestígios de um detonador à base de uma substância química conhecida como stifinato de chumbo nas amostras da fuselagem do Fokker-100 da TAM.
A descoberta praticamente leva os peritos a concluírem que o artefato que explodiu no interior do avião no último dia 9 era uma bomba. Não se afasta, inclusive, a hipótese de que tenha sido uma bomba-relógio, pois o detonador suspeito pode ser programado para ser acionado a distância. A Aeronáutica já tem conhecimento das novas análises. Na avaliação dos peritos, a tese de atentado ganha maior força.
Cristais e partículas de stifinato de chumbo foram encontrados em todos os materiais analisados pelo IC -roupas do empresário Fernando Caldeira de Moura (única vítima fatal da explosão), retalhos de uma poltrona e partes da fuselagem do avião.
As primeiras suspeitas a respeito do detonador surgiram anteontem. Elas foram comentadas, inclusive, na reunião que a diretoria do IC manteve com o tenente-coronel Juan Enrique Vergara, chefe do 4º Serac (Serviço Regional de Aviação Civil), órgão do Ministério da Aeronáutica.
A confirmação veio ontem, quando os resíduos foram submetidos às primeiras análises nos microscópios de maior potência do Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo).
Novos exames serão realizados hoje. Eles poderão ser os últimos, pois o IC tem quase certeza de ter desvendado o mistério. O laudo final começa a ser redigido hoje, segundo a Folha apurou. Ele deverá ser divulgado amanhã.
Desde o início da semana, quando estava comprovado que tinha sido realmente um artefato explosivo o que provocou o acidente com o Fokker-100, o IC passou a analisar dois tipos de detonadores, um à base de stifinato de chumbo e outro composto de fulminato de mercúrio. Não foi encontrado nada relacionado a mercúrio.
Um detonador de stifinato de chumbo é acionado por percussão, como um revólver, por exemplo. A suspeita de uma bomba-relógio existe devido ao fato de esse tipo de detonador poder ser programado para ser acionado.
Os peritos já descobriram qual foi o material que provocou a explosão no avião, mas o seu nome está sendo mantido em segredo até que saiam os resultados dos últimos testes. No entanto, a Folha apurou que apenas dois tipos estavam sendo levados em consideração: TNT e nitropenta.
No meio da tarde de ontem, o IC chegou a divulgar que praticamente tinha descartado a hipótese de o explosivo ser TNT, pois não havia sido encontrada uma fuligem típica de explosão do material.
No entanto, a perícia recebeu um novo pedaço da fuselagem do avião no final da tarde. Ela continha uma fuligem que está sendo analisada. Hoje pela manhã, os peritos decidem se será necessário realizar novas simulações de explosão com TNT e nitropenta.
Para eliminar de vez todas as possibilidades, o IC realizará testes com materiais como baterias de celulares para descobrir se eles poderiam acionar involuntariamente o detonador. Todas essas dúvidas podem estar esclarecidas hoje.

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