São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 1997
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Levantamento aponta distorções nos salários

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Levantamento feito pelo governo federal mostra que os salários dos policiais militares brasileiros sofrem duas distorções: diferenças entre os Estados, onde uns pagam seis vezes mais que outros para as mesmas funções, e diferenças na própria corporação. Um coronel da PM no Piauí ganha, em média, quase 20 vezes mais que um soldado, por exemplo.
Os maiores prejudicados são os soldados, cabos, sargentos e subtenentes.
Um soldado da PM em início de carreira recebe, em média, R$ 398,37, conforme o levantamento. Mas há casos bem abaixo da média. Na Paraíba, o salário é de R$ 172 -o menor do país.
As entidades ligadas aos PMs enviaram ao Ministério da Justiça pedidos para que seja estabelecido um piso nacional para a categoria de R$ 1.000.
O ministério não tem como atender o pedido, pois os valores dos salários são estabelecidos pelos governos de cada Estado.
Apenas a PM do Distrito Federal, que é paga pela União, atinge o piso proposto, recebendo R$ 1.100 mensais (contando auxílio-alimentação). Esse valor é mais de seis vezes superior ao que recebem seus colegas paraibanos.
Também as disparidades entre os integrantes das próprias corporações são de responsabilidade dos governos estaduais. A relação recomendada pelas Forças Armadas entre o maior e o menor salário numa cadeia hierárquica militar é de dez para um.
Além do Piauí (20 por 1), os Estados de Goiás (13), Rio Grande do Sul (12,6), Amapá (11,7) e Rio de Janeiro (10,9) não seguem essa recomendação.
No Maranhão ocorre a relação mais próxima: um coronel recebe em média 4,34 vezes mais que um soldado.
Greves
As diferenças entre os soldos têm provocado revolta nas corporações. A primeira delas, no dia 24 de junho, em Minas Gerais, foi motivada pela diferença de tratamento entre os oficiais e os soldados, cabos, sargentos e subtenentes. Enquanto os oficiais tiveram aumento entre 10% e 20% em seus soldos, os outros não haviam ganho nada.
Após três dias de paralisação e protestos que resultaram na morte do cabo Valério dos Santos Oliveira, atingido por um tiro disparado por um colega, os policiais mineiros receberam R$ 200 de abono, o que elevou o salário dos soldados para R$ 615. Um coronel da PM mineira ganha, em média, R$ 3.543 -quase seis vezes mais.
No Piauí, foram as duas distorções que levaram os policiais a uma greve de cinco dias na semana passada.
Antes da greve, um soldado recebia R$ 209,31 mensais (valor bruto), contra R$ 4.149 pagos, em média, aos coronéis. O governo ofereceu abono de R$ 120 e encerrou o movimento.
No Pará, uma paralisação de dois dias resultou num abono de R$ 130 -um soldado passou de R$ 192 de salário bruto para R$ 350 mensais (há algumas gratificações).
A polícia de Alagoas está aquartelada, aguardando reajuste. Há intenção de paralisação ainda nos Estados da Bahia, Paraíba e Mato Grosso do Sul.

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