São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Passeatas unem sem-teto, sem-terra e sem emprego

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Sem-terra, sem-teto e sem emprego se unem hoje em marchas "contra o projeto neoliberal de FHC", segundo líderes dos sem-terra. O movimento pode aumentar o clima de tensão gerado pela greve de policiais civis e militares em curso no país.
Em São Paulo, a mobilização foi batizada de "Abre o Olho, Brasil".
As caminhadas acontecem paralelamente nas principais capitais. São organizadas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), CUT (Central Única dos Trabalhadores), UNE (União Nacional dos Estudantes), Central dos Movimentos Populares, sindicatos e Igreja Católica.
Em São Paulo, as marchas partem de 12 pontos rumo à capital, de hoje até sexta-feira, data da chegada, quando se comemora o Dia do Trabalhador Rural.
Cerca de 2.500 pessoas saem hoje de Campinas, Sorocaba e São José dos Campos para se juntar a outras nove "colunas" de cidades da Grande São Paulo e do ABC.
Um ato político com shows em frente ao Masp, na avenida Paulista, encerra a manifestação na sexta-feira. "Vamos parar o Brasil", disse o dirigente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) José Rainha Júnior.
Rainha afirmou que, "para acontecer alguma mudança neste país, só com as massas nas ruas".
Ele acredita no restabelecimento do clima das "diretas-já" e do "fora-Collor", para "acabar com o projeto neoliberal do presidente Fernando Henrique".
"O Plano Real foi para o brejo. Só o governo não vê. Cadê emprego? Cadê reforma agrária? Cadê investimentos para tirar as crianças das ruas? Cadê hospitais?"
Na sexta-feira, Rainha defendeu a idéia de os grevistas da polícia se juntarem nas ruas para protestar contra o governo FHC.
Para José Rainha, o enfrentamento de policiais militares e soldados do Exército na capital de Alagoas na última quinta-feira é um "sinal de que o Brasil está perto de explodir".
"Só o presidente Fernando Henrique Cardoso não quer enxergar. É um alerta. O Brasil caminha para uma explosão social. Se o governo não tomar jeito, vai cair", afirmou.
Julgamento
As manifestações fazem parte também da estratégia do MST para chamar a atenção da sociedade para o novo julgamento de Rainha, marcado para setembro.
No primeiro, em junho, ele foi condenado a 26 anos de prisão pela morte de um fazendeiro e de um PM em Pedro Canário (ES).
Gilmar Mauro, também dirigente nacional do MST, disse que as manifestações são uma oportunidade "para começar a discutir uma nova agenda social".

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