São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A operação de PC Farias para tentar barrar o impeachment de Collor

Montevidéu, Uruguai
1. Em setembro de 92, PC Farias determina a seus testas-de-ferro em contas bancárias na América Latina e Europa (os argentinos Jorge Osvaldo La Salvia e Luis Felipe Ricca) que saquem US$ 5 milhões de uma conta no Uruguai. Segundo Ricca, o dinheiro seria usado na compra de votos de deputados para tentar barrar o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello
2. Em 28 de setembro de 92, um dia antes do julgamento de Collor na Câmara, os US$ 5 milhões são sacados em dinheiro da conta de PC no Uruguai, no Hollandsh Bank Unie, agência Montevidéu. A conta, registrada sob o código Monte Tiberino S/A, funciona até hoje sob o número 5020050

Brasil
3. La Salvia viaja de avião de Montevidéu para São Paulo levando o dinheiro, de acordo com Ricca. De São Paulo, segue para Brasília

Itália
4. Em 94, a operação antiimpeachment de PC começa a ser descoberta por acaso pela Justiça italiana. A informação chega aos italianos durante a Operação Cartagena, investigação que levou à maior apreensão de cocaína feita até hoje na Europa (5,5 toneladas), em março de 94, próximo a Turim, norte da Itália. Na cidade de Borgaro Torinese são presos em flagrante 12 membros da 'Ndrangheta, máfia da região da Calábria

Colômbia
5. Após a prisão, mafiosos que atuavam na rede confessam o envolvimento na operação de sete famílias mafiosas italianas -Mazzaferro, Morabito, Barbaro, Ierino, Pesce, Cuntrera e Caruana
6. A droga era fornecida pelo Cartel de Cali, da Colômbia, pelo maior laboratório de refino de coca do mundo, que pertencia a Henry Loaiza Ceballos, colombiano conhecido como "El Alacran" (o escorpião), preso em março de 95
7. Ao todo, o Cartel de Cali enviou 11 toneladas de cocaína para os mafiosos em oito carregamentos, de 91 a 94, utilizando os portos da Colômbia, Brasil (Rio Grande do Sul e Santos), Panamá e Venezuela

Roterdã, Holanda
8. A Justiça Italiana descobre que o administrador das contas dos narcotraficantes mafiosos, Angelo Zanetti, fazia depósitos em contas de PC na Suíça e na Holanda, abertas em nome de La Salvia e Ricca
9. As investigações levam a depósitos no valor de US$ 2 milhões feitos por Zanetti na conta de PC em Roterdã, na Holanda, aberta no banco Hollandsh Bank Unie sob o código Marshall Compton

Buenos Aires, Argentina
10. Na apuração, a Justiça da Itália descobre que os testas-de-ferro de PC movimentavam outra conta do empresário alagoano em Montevidéu, no Uruguai, também em uma agência do Hollandsh Bank Unie
11. Essa conta estava registrada sob o código Monte Tiberino, mais uma remissão à Itália. Tiberino, segundo o "Dicionário Aurélio", é aquilo que pertence ou é relativo ao Tibre, rio que banha Roma
12. Suspeitando dos negócios de PC com a máfia, a Justiça italiana pede à Justiça da Argentina que convoque Luis Felipe Ricca para depor, para saber qual a natureza do envolvimento de PC com os mafiosos calabreses
13. Em outubro de 96, Ricca depõe a autoridades italianas em Buenos Aires e relata o saque de US$ 5 milhões, que teriam sido utilizados, segundo o argentino, para comprar o voto de deputados em favor da absolvição de Fernando Collor de Mello

Texto Anterior: Leia trecho de acusação a PC
Próximo Texto: Sócio de PC agrediu fotógrafo da Folha
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.