São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997 |
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Pesadelos são como 'pensamentos' ruins
JAIRO BOUER
O sonho é o resultado do funcionamento cerebral durante o sono. Do mesmo modo que as pessoas pensam durante o dia, elas sonham à noite. Uma diferença importante é que, durante o dia, os pensamentos estão mais "enquadrados" pelos limites de tempo, espaço e lógica. No sono, com a perda relativa desses parâmetros, os pensamentos (sonhos) ganham ares menos definidos. Seguindo esse raciocínio, do mesmo modo que as pessoas têm pensamentos ruins ou vivenciam sensações de medo e insegurança durante o dia, elas enfrentam pesadelos à noite. Esses pesadelos podem ganhar "tintas carregadas" com a perda dos limites de realidade, como tempo e espaço. Assim, a pessoa pode despencar de um castelo que flutua no céu e encontrar um monstro gigantesco ao cair no chão. Sonhar é um processo comum na vida das pessoas. Os sonhos aparecem de quatro a cinco vezes por noite -acompanhando uma fase do sono chamada de REM, do inglês rapid eye movement (movimento ocular rápido). Segundo Rubens Reimão, neurologista do Hospital das Clínicas da USP, estudos mostram que 90% das pessoas despertadas durante o sono REM são capazes de se lembrar de seus sonhos. Em contrapartida, apenas 10% das pessoas despertadas em outras fases do sono lembram dos pensamentos. Reimão, que também trabalha no Centro de Distúrbios do Sono, diz que as pessoas que são mais seguras e confiantes ou que estão passando por fases mais tranquilas têm menos pesadelos. Em contrapartida, quem está atravessando um momento de tensão, ansiedade ou insegurança pode ter mais pesadelos à noite. Sonhos e pesadelos recorrentes também não possuem nenhum significado especial -ao menos para a neurofisiologia, que estuda o funcionamento "biológico" do cérebro. Reimão explica que um pesadelo que se repete pode mostrar uma idéia, um pensamento ou um conflito que a pessoa não está conseguindo resolver. Os especialistas em sono vêem hoje o sono REM como uma espécie de "faxina" do que está em nossa cabeça. A pessoa busca em sua memória as múltiplas informações obtidas durante o dia, "apaga" o que não é importante e organiza os dados fundamentais em "arquivos". Texto Anterior: Projeção ignora as mortes violentas Próximo Texto: É mais fácil lembrar pesadelo Índice |
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