São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Escolas de medicina não admitem provão
DA REPORTAGEM LOCAL Quando as críticas em relação ao provão já começavam a diminuir, surgiu, na semana passada, um novo e potencialmente explosivo confronto na área.O problema apareceu na segunda-feira, quando as dez principais associações de medicina do país, além de divulgar os resultados de uma avaliação do ensino médico que vêm desenvolvendo há seis anos, disseram que não aceitarão a imposição do Exame Nacional de Cursos do Ministério da Educação. Aplicado duas vezes, a última no dia 29 de junho passado, o provão é um exame feito por alunos que estão terminando o curso de graduação. Este ano atingiu seis cursos e, a cada ano, incorporará novas áreas, até ser estendido a todo o sistema de ensino superior, por determinação legal do MEC. Em 1996, na inauguração, encontrou forte resistência de vários setores -principalmente das melhores instituições de ensino e de entidades estudantis. Mas este ano já foi aceito por muitos dos que antes o criticavam. A maior oposição ficou por conta da UNE (União Nacional dos Estudantes). Agora, os responsáveis pelo ensino médico defendem que o provão não deve ser introduzido na área. "É um exame localizado, pontual, que fotografa o que o estudante sabe e escreve, não suas habilidades e suas atitudes", afirma Antônio Rafael Silva, presidente da Cinaem (Comissão Interinstitucional de Avaliação do Ensino Médico). "Nosso projeto é muito bom. Com ele sabemos como está o ensino de medicina, temos o perfil do alunado, do modelo pedagógico, muitas variáveis e não apenas uma, como o provão", diz Silva, que também preside a Associação Brasileira de Ensino Médico. A avaliação da Cinaem classificou de deficiente a formação ética e humanística dos médicos, concluiu que eles são precocemente especializados e incapazes de se manter atualizados e de atender às demandas da população. Participaram voluntariamente 48 das 87 escolas de medicina do país. Como a enorme maioria dos críticos, os da área médica defendem critérios mais amplos de avaliação universitária -algo nos moldes do processo conduzido na pós-graduação pela Capes (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior) do MEC (leia quadro). "A avaliação da Capes não começou com uma prova, e seus resultados só foram divulgados após quatro aplicações", afirma Nelson Cardoso Amaral, vice-reitor da Universidade Federal de Goiás, que fez um estudo mostrando distorções no resultado do provão. Junto com a área médica, o Crub (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras) e outras entidades consideram prejudicial a divulgação dos resultados da prova. Texto Anterior: Acidentes com carro aumentam com celular; Doença de Chagas é abordada em livro; Psicoterapia de grupo ajuda desempregados; Atendimento em saúde tem curso em agosto; Curso em SP aborda a radiologia do ouvido; Jornada abordará tumores urológicos; Cintilografia de nódulo é menos invasiva Próximo Texto: Prós e contras de quatro avaliações universitárias Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |