São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RS oferece terapia para desempregados

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A DRT (Delegacia Regional do Trabalho) do Rio Grande do Sul está desenvolvendo um serviço tido como pioneiro no Brasil: o atendimento psicoterapêutico a desempregados que sofrem de problemas emocionais em função da inatividade.
O programa "Terapia Focal Breve" visa preparar psicologicamente os desempregados para novos testes em empresas ou para a ocupação de cargos.
Desde que foi criado, 11 meses atrás, o serviço já atendeu a 93 desempregados. Hoje, atende a 41, dos quais 21 já estão em processo de alta.
Cinquenta e duas pessoas atendidas já receberam alta desde o início do programa. Sessenta e seis aguardam vaga para atendimento.
Os tratamentos duram, em média, de seis a sete meses, de acordo com a intensidade de cada problema. São duas sessões semanais de 45 minutos.
Algumas regras devem ser respeitadas pelos pacientes. Cada um deles pode faltar justificadamente a, no máximo, três sessões.
O delegado Luiz Carlos Mello, 49, disse que a idéia surgiu a partir de uma experiência com uma pessoa depressiva na DRT.
O desempregado, um homem de meia-idade, procurou assistência alegando "desespero" em função da inatividade. Depois de receber atendimento emergencial, conseguiu um emprego no qual, passado um ano, ainda permanece.
Ampliação
"As pessoas que não têm uma vaga no mercado de trabalho e perderam as esperanças de buscar emprego geralmente ficam desnorteadas e tomam a iniciativa de procurar um atendimento psicológico gratuito", afirmou Mello.
A idéia do delegado é firmar convênio com universidades gaúchas para ampliar o atendimento utilizando os serviços de estagiários do curso de psicologia.
"Temos problemas de verba, mas seria importante conseguirmos uma abrangência maior. A iniciativa é um sucesso, espero que sirva de exemplo para outros Estados brasileiros", disse o delegado.
Enquanto o programa não é ampliado, o atendimento é realizado por duas psicólogas, Heloísa Guerra Santos Neto e Margaret Tadiello.
"A ruptura do homem com o trabalho é uma ruptura dele consigo mesmo", disse Tadiello, que trabalha há 18 anos em estudos e atendimentos a desempregados e defende a ampliação do programa para todo o Brasil por meio do Ministério do Trabalho. Foi dela a idéia de oferecer o serviço na DRT gaúcha.
A psicóloga disse ter constatado, nesse período de trabalho na DRT, a intensidade social existente hoje em relação ao problema do desemprego. "A procura está superando a expectativa", afirmou ela.

Texto Anterior: Bar retoma traço cultural
Próximo Texto: Cobrador 'renasce' com terapia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.