São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Fundo perde na baixa e não ganha na alta

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A grande oscilação da Bolsa na última semana deixou investidores de fundos de ações e fundos carteira livre (que combinam ações e renda fixa) confusos quanto ao valor das cotas.
A maioria desses fundos teve forte desvalorização das suas cotas na terça-feira, dia 15.
As perdas ficaram próximas à do índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), que caiu 8,51% no mesmo dia.
No entanto, na quarta-feira, quando se esperava que os fundos mais uma vez acompanhassem a Bolsa, que subiu 8,81%, os investidores ficaram frustrados. A valorização das cotas foi muito menor.
As centrais de atendimento dos grandes bancos tiveram muito trabalho para explicar aos clientes por que eles haviam perdido dinheiro na baixa, mas não haviam ganho na alta.
"O problema é que a maioria espera que o fundo acompanhe a queda ou a alta registrada no fechamento da Bolsa, mas não é assim que funciona", diz o responsável pela distribuição de fundos do Banco Real, Reginaldo Carvalho.
Os valores das cotas dos fundos não são ajustados pelo preço de fechamento das ações. O que conta é o preço médio que a ação teve durante o dia.
"Se o maior volume de negócios com um determinado papel foi a um preço baixo, o preço médio da ação naquele dia será baixo, mesmo que ele feche em alta", afirma o diretor do Bradesco Roger Agnelli.
"O fato de uma ação fechar com valorização de 9% não significa que ela foi negociada nesse nível de preço durante o dia todo", completa o diretor de renda variável do Unibanco, Jorge Simino.
Foi mais ou menos o que aconteceu na última quarta-feira. Embora o Ibovespa tenha fechado com alta de 8,81%, o Ibovespa médio subiu bem menos, 1,71%.
Os especialistas ouvidos pela Folha explicam que em dias de pouca oscilação na Bolsa, é comum os preços médios das ações ficarem muito próximos das cotações do fechamento.
"Mas esses dias foram muito conturbados, com grandes oscilações. Por isso a média se distanciou do fechamento", diz Simino.
É a própria legislação que regula os fundos que determina que as cotas sejam ajustadas pelo preço médio das ações e não pela cotação do fechamento.
Uma das razões para essa preocupação é que um ajuste pelo fechamento causaria distorções, pois consideraria apenas um momento do pregão.
A quantidade de dúvidas que surgiram na semana passada mostra que os investidores estão muito mal informados sobre as aplicações que escolhem.
"A nossa central de atendimento recebeu muitas ligações de pessoas que não sabiam que os fundos acompanham os preços médios", diz Agnelli, do Bradesco.
O mesmo aconteceu no Banco Real. "Durante o dia inteiro atendemos clientes para explicar como os fundos eram ajustados", afirma Reginaldo Carvalho.
A diferença entre preço de fechamento e preço médio das ações também pode ter efeito positivo sobre os fundos.
Na quinta-feira, quando a Bolsa voltou a desabar, os fundos não caíram junto. Isso porque, enquanto a Bolsa fechou com queda de 7,21%, o Ibovespa médio registrou alta de 1,53%.
Mesmo assim, alguns grandes fundos renderam menos do que a média. O Bradesco Carteira Livre Fácil, por exemplo, teve pequena alta de 0,37%, enquanto o Unibanco Strategy Fund subiu 0,39%.

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