São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Municipal traz 'Cinema em Concerto'

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O compositor italiano Nino Rota é o homenageado da quarta edição de "Cinema em Concerto", que a Orquestra Experimental de Repertório, regida por Jamil Maluf, apresenta hoje no Municipal.
Acontecimento anual na temporada da orquestra, "Cinema em Concerto" traz a Experimental tocando em cima do palco do teatro (e não no fosso, como acontece nas óperas), enquanto um retroprojetor passa os filmes em uma tela com dimensões de 5 m x 4 m.
Os trechos dos filmes -que preservam os diálogos- têm, em média, dez minutos, conferindo ao espetáculo duas horas de duração.
"Ficou claro que o advento dos teclados não substituiu a orquestra na música para o cinema, embora isso tenha ocorrido em grande parte na música popular", diz o maestro Jamil Maluf. "Assim como muita música foi da sala de concertos para o cinema, já interpretamos obras que fizeram caminho contrário -como a cantata Aleksandr Névski, que vem da trilha que Prokofiev escreveu para o filme homônimo de Eisenstein."
Nino Rota (1911-1979) será homenageado na segunda parte do programa de hoje. Serão apresentadas as trilhas sonoras que ele fez para os filmes "Ensaio de Orquestra", "A Doce Vida" e "Amarcord", de Federico Fellini.
Rota não é um autor inédito para a orquestra. Em 93, a Experimental fez, no Paulo Eiró, uma apresentação rara de sua ópera "O Chapéu de Palha de Florença".
Na primeira parte do concerto, será enfocado o cinema mudo. Serão apresentados trechos de quatro filmes: "O Fantasma da Ópera", de Rupert Julian, "Metropolis", de Fritz Lang, "Nosferatu" e "Fausto", de Murnau.
Com esses filmes, o regente apresenta obras que julga adequadas para o acompanhamento.
"'A Noite no Monte Calvo', de Mussorgski, por exemplo, parece que foi composta especialmente para o Fausto", diz.
Segundo o regente, a preparação de "Cinema em Concerto" dá quase tanto trabalho como uma ópera. "Não dá para contar toda a história do filme em dez minutos, mas procuramos fazer uma edição lógica, que case com a música."
Depois de todo o trabalho de edição, é feita uma fita de vídeo, com a qual a orquestra ensaia. E ainda há que conseguir a liberação, junto às editoras e distribuidoras, tanto da trilha sonora (no caso de compositores vivos) quanto dos filmes.
"Queria homenagear Maurice Jarre, mas nunca deu certo", diz. "Não só a liberação da música é complicada, mas também a permissão para exibir imagens de filmes como 'Lawrence da Arábia'".

Concerto: Orquestra Experimental de Repertório e Jamil Maluf (regente)
Quando: hoje, às 17h
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 222-8698) Quanto: de R$ 2,00 a R$ 8,00

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