São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Como se dar bem em um consórcio

Matemático explica as regras

HENRIQUE SKUJIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O consórcio só é boa opção para a compra de um carro se o cliente der um lance vencedor ou for sorteado nos primeiros 12 meses.
Quanto mais demorada for a contemplação, seja por lance ou por sorteio, menos interessante será o consórcio.
A pedido da Folha, o matemático José Dutra Vieira Sobrinho analisou o consórcio de um Gol 1000, vendido por 50 prestações de R$ 299. "O consórcio varia de um excelente negócio a um péssimo negócio", concluiu.
O excelente negócio, segundo Dutra, acontecerá se o consorciado for sorteado logo nas primeiras prestações. Assim, o consórcio funciona como um financiamento em 50 meses, sem entrada.
"Nesse caso, a taxa de juros mensal será de 0,62%", calcula Dutra. "Essa taxa não é encontrada em financiamento nenhum."
Segundo Dutra, sendo sorteado no 50º mês, o consorciado estará fazendo um mau negócio. "Teria valido mais investir as prestações no mercado financeiro."
O matemático explica que se os R$ 299 pagos por mês no consórcio de um Gol 1000 fossem colocados na poupança, no 50º mês o consumidor sacaria cerca de R$ 18,8 mil. "É o equivalente a um carro e meio."
Outra alternativa para quem não quer apostar na sorte é dar um lance médio no início do consórcio.
Se o consumidor oferecer R$ 2.990, equivalentes a dez prestações, as 40 prestações restantes sofrerão juros mensais inferiores a 1,4%. Além disso, com um lance desse porte, são grandes as chances de retirar o carro.
Veja como funciona
Aparentemente, o consórcio não cobra nenhum encargo. No entanto ônus como fundo de reserva, seguro-saúde e taxas de adesão e administração desempenham o mesmo papel dos juros no financiamento. Juntas, essas cargas elevam em até 20% o valor do carro.
Porém, no financiamento por Crédito Direto ao Consumidor (CDC), os encargos chegam a mais de 40%. Mas há a vantagem de retirar o carro no ato da compra.
O maior encargo cobrado é a taxa de administração, que varia de 10% a 15% do valor do carro. A taxa de adesão é, em média, de 1%.
O seguro-saúde, que encarece em cerca de 0,5% as prestações, serve para garantir a entrega do carro em caso de morte do cotista.
O fundo de reserva, que chega a 2% do valor do carro, é devolvido pela maioria das administradoras após a quitação das prestações. Algumas nem cobram esse fundo.
Esse valor serve para que, caso algum cotista atrase a prestação, a administradora consiga pagar os dois carros previstos por mês (lance e consórcio) para o grupo.
O consórcio detém cerca de 25% das vendas de carros novos no país. Segundo a Abac (que reúne as administradoras de consórcio), de janeiro a abril, dos 524.726 carros vendidos, 120.994 foram via consórcio. Entre as motos, a participação é de 50%.

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