São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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UDR contra-ataca com manifestações

Primeiro ato ocorre segunda-feira em SP

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Ruralistas ligados à UDR, usineiros, comerciantes e industriais lançam na próxima semana um movimento nacional como contraponto às marchas organizadas pelo MST.
A primeira mobilização acontece segunda-feira, em Junqueirópolis (635 km a noroeste de São Paulo).
Campo Grande (MS) sedia outro protesto no dia 4 de agosto. O calendário completo das manifestações será definido na próxima semana.
O movimento foi batizado de "Frente Nacional da Produção". Reúne, além da UDR (União Democrática Ruralista), o Movimento Nacional dos Produtores Rurais, a Frente Nacional dos Municípios Agrícolas, federações de agricultura, sindicatos rurais e associações comerciais e industriais de vários Estados.
A mobilização deve culminar com uma marcha a Brasília. O movimento pretende entregar ao presidente Fernando Henrique Cardoso uma pauta de reivindicações.
'Fermento'
"O fermento está pronto. As classes produtoras precisam se unir para sensibilizar o Congresso e o governo para a situação que estamos vivendo", disse o presidente da UDR, Roosevelt Roque dos Santos.
O ruralista afirmou que "está na hora de se mobilizar" para impedir que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) "galvanize" setores insatisfeitos da sociedade, como os policiais.
"Quem está num movimento político e ideológico e realmente quer a tomada do poder vai tentar fazer essa galvanização, e nós não podemos ser inocentes úteis e sermos utilizados por eles."
Concordância
Apesar das críticas ao MST, em um ponto os discursos da UDR e dos trabalhadores sem terra coincidem.
"O Plano Real está começando a vazar água. O presidente tem que ser alertado", afirmou Santos, fazendo coro a declarações do dirigente dos sem-terra José Rainha Júnior na semana passada.
O diretor-presidente da usina Vale Verde, Adhemar Brandão Fernandes, considera que "o governo está brincando com a agricultura".
A prova, segundo Fernandes, é o relançamento do Proálcool sem qualquer planejamento.
'Não Posso Plantar'
A cidade de Junqueirópolis foi escolhida para o primeiro ato por ter sido o embrião, em 1995, do movimento "Não Posso Plantar", que culminou com o "caminhonaço" de produtores em Brasília.
"Está se dando uma atenção muito especial ao MST. Temo que aconteça uma desestruturação da produção no campo, uma guerra civil", afirmou o agropecuarista Antonio Tecco Jorge, um dos líderes do "caminhonaço".
O movimento pretende reunir na segunda-feira pelo menos 2.000 pessoas de 30 cidades. O ato terá missa campal no trevo de acesso à cidade, carreata com máquinas agrícolas e camionetes.
O vice-presidente da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo) Carlos Aparecido Silva quer a adesão de outros setores da sociedade ao protesto.
Silva pediu ao comércio que feche as portas na próxima segunda-feira às 15h, em apoio ao movimento.

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