São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Relatório sobre PT foi 'equívoco'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A greve das PMs (polícias militares) mobilizou oficiais do serviço de inteligência do Exército para o trabalho de acompanhamento e avaliação do risco de conflitos graves em pelo menos duas cidades: Recife e Maceió.
A atividade consiste em observar a movimentação nas ruas e o clima de manifestações públicas, ouvir relatos da tropa sobre essas questões e acompanhar o noticiário para transmitir avaliação, nesse caso, ao Comando Militar do Nordeste.
A informação foi dada ontem pelo Ccomcex (Centro de Comunicação Social do Exército). Segundo o órgão, essa é uma atividade natural que, caso o Exército não fizesse, estaria fadado ao fracasso.
Fora dos momentos de crise, o trabalho também inclui a observação sobre o potencial de conflito de certas organizações, "sejam elas de esquerda ou direita".
O serviço de inteligência da corporação sofreu reestruturação em 1995, com a aprovação de diretrizes para criação das Companhias de Inteligência nos sete comandos de área (regionais).
A portaria definindo as diretrizes previu adaptação das instalações, aporte de recursos e aquisição de equipamentos como embarcações (lanchas, barcos e voadeiras). Segundo o Exército, o objetivo é reduzir a estrutura antes existente.
O Ccomsex disse ontem que o objetivo da reestruturação foi distanciar o serviço de atividades que não sejam puramente militares.
O Exército negou o trabalho de espionagem política e informou que o acompanhamento, por exemplo, de congresso do PT, para produção de relatório interno, foi "um equívoco", sem consequências práticas.
Segundo o Ccomsex, o cabo José Alves Firmino, cuja família divulgou documentos confidenciais produzidos pelo setor de inteligência, reuniu material que, pelo menos parcialmente, teria sido produzido por iniciativa própria.
Não teria sentido, por exemplo, orientação para que tirasse foto ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva, como se fosse militante do PT.
O Exército nega que ele tenha sido agente infiltrado no PT e MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), que apóia o PMDB.
O porta-voz da Presidência da República, Sergio Amaral, afirmou ontem que "a prática é condenável e contraria a determinação expressa do ministro do Exército de que o trabalho de investigação da pasta se restrinja a assuntos militares".

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