São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Camelôs arriscam e voltam à av. Paulista

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os camelôs sem licença, impedidos de trabalhar na avenida Paulista por determinação do prefeito Celso Pitta, começaram a voltar ontem à tarde para vender seus produtos no local. Outros, arriscando menos, preferiram migrar para ruas próximas.
O trecho mais visado pelos camelôs foi o dos dois últimos quarteirões da Paulista, entre as ruas Augusta e Consolação.
Nesse trecho, a Folha presenciou cinco ambulantes vendendo, de forma discreta, seus produtos.
Para fugir da fiscalização, os camelôs diminuíram a dimensão de suas barracas e a quantidade de produtos expostos. Outros vendiam seus produtos no chão.
Só sai morto
Um camelô que trabalha há 15 anos na Paulista e pediu para não ser identificado diz que só sai da avenida morto.
Ontem de manhã, ele armou sua barraca de doces em frente a um estacionamento entre as ruas Bela Cintra e Consolação.
"Os guardas metropolitanos me abordaram duas vezes, mas dei um jeito, pois conheço todo mundo."
O jeito que o ambulante deu foi colocar metade de sua banca dentro do estacionamento. "Agora que estou aqui dentro, eles não vêm mexer comigo."
Para passar despercebido, a tática empregada pelo camelô foi levar apenas metade de seus produtos. "Antes, faturava cerca de R$ 30 e até agora só fiz R$ 10."
Outro que preferiu insistir foi o "reincidente" Augusto da Silva Lemos, 40, que anteontem trabalhou parcialmente e, ontem à tarde, fazia o mesmo, vendendo fichas e cartões telefônicos.
Normalmente, ele vende produtos importados, mas não os levou, preocupado com a fiscalização.
Migração e queda
Camelôs da Paulista que optaram migrar para a rua Bela Cintra, para não ficar sem trabalhar, reclamaram da queda nas vendas.
O vendedor de cigarros Carlos Araújo Freitas, 50, trabalhava na Paulista, esquina com a Bela Cintra. Ontem, ele recuou seu ponto cerca de 50 m na Bela Cintra, em frente ao muro do Colégio São Luís. "O movimento caiu 90%. Até as 16h30, só vendi R$ 4,50."
Para armar sua barraca, Freitas não participou da manifestação de camelôs ontem, na porta da casa do prefeito Celso Pitta. "Mas amanhã (hoje) eu vou, pois ficar aqui não 'deu pé'."
João Martins, 33, que vende relógios em frente à igreja São Luís, também foi para a rua Bela Cintra. "Fui de manhã à manifestação do Pitta, mas tenho de trabalhar."

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