São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Pitta exige ISS para pagar fornecedor

ROBERTO COSSO
DA FT

A Prefeitura de São Paulo passou a exigir o pagamento de um imposto para liberar o dinheiro devido aos fornecedores. Segundo juristas, a condição é ilegal, mas foi confirmada pelo secretário municipal das Finanças, José Antônio de Freitas.
No início do ano, Freitas fez portaria para condicionar o pagamento dos fornecedores à comprovação de recolhimento de ISS (Imposto Sobre Serviços) a São Paulo.
A medida não está fundamentada em lei, segundo o advogado Carlos Ari Sundfeld. "A prefeitura não pode exigir o pagamento de um tributo para cumprir suas obrigações contratuais", diz.
Freitas confirma que está devolvendo cerca de 35% dos processos de pagamento por falta de quitação de ISS. "Foram centenas deles, a maioria de empresas que se dizem sediadas em outros municípios." Os municípios citados normalmente têm alíquotas de ISS menores que os 5% de São Paulo.
"Isso é um contra-senso. Se não recolhe o ISS, eu não pago", rebate Freitas.
O empresário José Caboclo Neto, 44, é uma das vítimas da manobra municipal. Sua empresa, a transportadora Profilm tem sede em Poá (alíquota de 0,25%) e está sendo obrigada a recolher duas vezes o ISS para poder receber pelos serviços que presta.
A empresa tem contratos de R$ 400 mil mensais com a Secretaria Municipal de Abastecimento para fornecer caminhões pequenos, frigoríficos, empilhadeiras, Kombis e carros do Psiu (Programa de Silêncio Urbano). "Tenho R$ 1 milhão para receber por serviços prestados desde abril."
A Track Serviços, que transporta merenda escolar para a prefeitura, paga 5% de ISS em Santo André e teme ter que pagar mais 5% em São Paulo. "Isso inviabilizaria o negócio", disse José Maria Truzian, dono da empresa.
Ele disse que há três meses a prefeitura reteve 5% do valor da fatura, mas devolveu após discussão com técnicos da secretaria.

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