São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997 |
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Mostra desencava TV "pré-computador"
FERNANDO PAULINO NETO
Aberturas de novelas, vinhetas e logotipos de programas da TV Excelsior, Tupi, Globo e Bandeirantes serão exibidos na mostra do cenógrafo Cyro del Nero, 65, que marca o primeiro evento da Associação dos Pioneiros da TV Brasileira, fundada há cerca de um ano e meio. Nero mostrará também o que fez no teatro, cinema, moda e artes gráficas, mas não tem dúvida que a parte relativa à televisão, que ele considera "a coqueluche da sociedade brasileira", será a principal atração. Para ele, a "divisória" da história da televisão brasileira está no aparecimento do computador. "Meu grande período de TV é sem computador. Sou do tempo que não havia sequer videoteipe", diz Nero. Para o cenógrafo, que participou da inauguração da TV Excelsior, em 1960, em seu tempo "havia uma coisa mais dramática para fazer a abertura de uma novela, havia o suor pessoal mais presente". Nero pegou a transição entre as novelas em preto-e-branco e as coloridas, tendo feito as aberturas das coloridas "Semideus", "Supermanuela", "O Espigão", "Fogo sobre Terra" e, a sua preferida, "Os Ossos do Barão". Nero acredita que, com as facilidades tecnológicas, a atividade perdeu essência. "Hoje é o efeito pelo efeito. O entusiasmo pela forma é tão grande que o que nos é dado é forma apenas", diz. Mesmo afirmando que não é contra o avanço tecnológico em si, diz que o entusiasmo pelo efeito faz com que não haja uma "preocupação de passar uma emoção. É apenas virtual". "A máquina precisa de alguém que tenha necessidade dela e não apenas entusiasmo por ela", afirma o cenógrafo. Museu A exposição, que terá 600 metros quadrados, com dez monitores, 300 artes e cinco painéis, vai marcar a largada para outros eventos da Associação dos Pioneiros da TV Brasileira. Depois virão palestras desses mesmos pioneiros; o Projeto Memória, com gravações de depoimentos; e, sonho maior, a criação de um museu dedicado à televisão. O cenógrafo lembra que a idade média dos profissionais que participaram dos primeiros passos da TV brasileira é 60 anos e que essa memória corre o risco de se perder. "O material começa a ficar disperso." Por isso, ele já fez o projeto físico do museu e já tem até um terreno em vista. Mas o principal, segundo ele, ainda é um entrave: a falta de recursos para manter o museu. A exposição ficará em cartaz até 15 de outubro. Além das aberturas de novelas e outros trabalhos para a TV, ela apresentará maquetes de cenários como o que del Nero fez para a encenação da ópera "O Guarany", de Carlos Gomes, em Sófia, na Bulgária, em 96. Exposição: Cyro del Nero Onde: Fundação Casper Líbero (av. Paulista, 900, térreo, tel. 011/3170-5757) Quando: a partir de 15 de setembro Quanto: entrada franca Texto Anterior: Gênero é um ovo de ouro Próximo Texto: Hans Donner diz subordinar tecnologia à criação Índice |
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