São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Historiador inglês defende parceria

FERNANDO PAULINO NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

O "chairman" da Cambridge University Press, Gordon Johnson, defendeu na palestra "A Importância da Parceria Entre a Universidade e a Iniciativa Privada", no auditório da Folha, que as universidades busquem maior diversificação de suas fontes de recurso.
Gordon disse que as universidades devem buscar na iniciativa privada os recursos para complementar as verbas públicas, que são cada vez mais escassas, não só no ramo de pesquisas, mas também no financiamento de bolsas de estudo.
Historiador e diretor do centro de estudos sul-asiáticos da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, Johnson disse que as pesquisas "tendem a ser cada vez mais caras e complicadas".
"É necessário permitir que o campo acadêmico tenha uma rédea livre para gastar o que é necessário", disse Johnson.
Evitar distorções
Para ele, a questão mais importante, ao procurar patrocinadores privados para as pesquisas, é saber como proteger a universidade de interesses externos, evitando que os financiadores distorçam a função da universidade.
Ele deu como exemplo o acordo feito entre Cambridge e a Microsoft, que começa a funcionar no mês de agosto.
"Não estamos lá para apagar um incêndio ou fazer um software para depois de amanhã."
Johnson diz que é necessário "fazer isso de maneira que todo mundo ganhe. Que o senhor Gates (Bill Gates, dono da Microsoft) fique mais rico e a universidade descubra uma verdade fundamental" por intermédio da pesquisa.
Segundo Johnson, a Microsoft não vai fazer nada de aplicação imediata com esse acordo, mas Cambridge tem um homem em particular cujo trabalho em pesquisa fundamental é importante para toda a indústria de computadores.
Ele citou ainda outro acordo realizado com a iniciativa privada, com a japonesa Hitachi, para pesquisas em microeletrônica, que já está gerando mais fundos para a universidade.
Ele diz que o relacionamento com a iniciativa privada só funciona bem se a universidade for capaz de provar que "a pesquisa pura é importante e que dará resultados".
Sem isso, diz ele, não há "um relacionamento benéfico" entre as empresas e a universidade. "Se não, vamos aparecer como mendigos, pedindo uma librazinha."
Johnson inaugurou ontem, em conjunto com a editora Martins Fontes, a primeira livraria da Cambridge University Press fora do Reino Unido, na avenida Paulista, em São Paulo.
A editora Cambridge University Press foi fundada em 1534 e é a mais antiga do mundo, com cerca de 8.000 títulos. Johnson disse que a biblioteca se sustenta com recursos próprios, sem verba adicional da universidade.

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