São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997 |
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ESCÁRNIO NA CPI "Se é para fazer pizza, vamos fazer uma pizza completa." A frase do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) é verdadeiramente cínica, mas revela, na sua infelicidade, hábitos muito enraizados da política brasileira. No caso em questão, a frase dá a medida da impostura com que membros da CPI dos Precatórios pretendem subtrair do relatório final trechos que podem comprometer correligionários e políticos de grande projeção. Depois de exaustivamente exposta à opinião pública a série de irregularidades, fraudes e infrações constitucionais praticadas sob o pretexto de pagar precatórios, tal manobra política, engendrada a posteriori, é um escárnio que envergonha o país. A ação para acobertar os mandatários envolvidos no escândalo chegou à presidência do Senado. Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) recusou-se estranhamente a receber o relatório elaborado por Roberto Requião (PMDB-PR). Antes da derrota dos que pretendiam alterá-lo, porém, o texto do relator já fora aprovado por voto unânime da CPI. Com base nesse expediente altamente duvidoso do presidente do Senado, membros da CPI realizaram nova sessão, mudaram o texto e agora disputam a sua validade. O pretexto alegado por ACM foi a falta das assinaturas de parte dos membros da CPI. Mas, afora as dúvidas quanto ao amparo regimental da atitude do senador, está claro que se tratou de uma manobra política -ao que parece visando tornar mais real a declaração vexatória de Barbalho. Antes de todo esse imbróglio, já tinha sido aprovado um relatório que, apesar de retirar algumas acusações e adjetivos, manteve o fundamental: a responsabilização dos governadores e prefeitos pelas violações cometidas. Após oito meses de investigação, o relatório do senador Requião traz conclusões que permitem processar Paulo Afonso (PMDB-SC), Miguel Arraes (PSB-PE), Divaldo Suruagy (PFL-AL) e o ex-prefeito Paulo Maluf. Políticos notórios procuram desfigurá-lo. É inaceitável. Próximo Texto: AVANÇO NO JUDICIÁRIO Índice |
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