São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Polícia demais

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Ferroviária, Polícia Rodoviária, Polícia Judiciária. O Brasil, país que adora recordes, talvez seja o país com o maior número de polícias no mundo.
É bem provável que esteja aí -na variedade e multiplicidade de polícias- um dos motivos da degeneração dessa categoria de servidores públicos enquanto tal.
Se há no país a cultura de que servidor existe não para servir, mas para fazer favor ao cidadão, é nas polícias que esse conceito encontrou terreno fértil para florescer plenamente. Adubado ainda mais pelos 20 anos de regime militar, período em que as polícias serviram de braços armados do poderio militar dos generais governantes.
O processo de modernização e democratização do país não existe sem que todo o passado totalitário seja definitivamente sepultado. E as polícias, em sua estrutura militarizada e arcaica, são como que os mortos insepultos do regime que bem ou mal a nação conseguiu renegar.
Por que o atual governo, tão célere em seus ímpetos privatizantes e renovadores, não aproveita a absurda crise dos grevistas armados e começa agora, já, a mudar isso?
Há medida provisória para tudo? Então baixe-se uma decretando uma nova formatação para as polícias estaduais, primeiro e efetivo passo para o fim das PMs e sua fusão com as demais polícias. Todas elas ressurgiriam em uma só com a função precípua de defender não mais o Estado e seus interesses, mas sim o cidadão e suas necessidades.
Basta apenas coragem para isso.
*
Domingo passado, dia em que saiu publicada sua polêmica entrevista, na qual detonava a torto e a direito, eu vi o ministro Sérgio Motta e sua mulher, Vilma, passeando no calçadão de Ipanema, sob o sol ameno deste inverno-verão.
Já então exibia o sorriso dos justos. E a calma e a tranquilidade dos que sabem que podem.

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