São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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Arquiteto é agitador cultural da época

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Agitador cultural e representante da arquitetura moderna em São Paulo. Assim os arquitetos ouvidos pela Folha definem o russo Gregori Warchavchik (1896-1972).
"Ele, mais do que ninguém, é considerado no Brasil o representante do modernismo", afirma Ricardo Forjaz, 51, arquiteto e curador da mostra "Warchavchik 100 Anos", que aconteceu em 96, no Centro Cultural São Paulo.
Segundo Forjaz, Warchavchik difundia as idéias presentes na Escola Bauhaus (leia texto à pág. 7-4), que tinha como um dos principais argumentos a industrialização das casas e também do mobiliário como forma de multiplicação da arte.
"Havia uma preocupação com o desaparecimento da figura do próprio arquiteto. A idéia da Bauhaus era transformar a casa em um produto industrializado. Assim, o arquiteto estaria seguro."
Forjaz afirma que esse era um dos motivos pelos quais Warchavchik pregava a necessidade de o arquiteto ser também engenheiro.
Para Maria Lúcia Bressan, 40, professora de arquitetura da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), a casa da r. Santa Cruz, na Vila Mariana (zona sudoeste de São Paulo), construída entre 1927-28 e conhecida como Casa Modernista, é um manifesto das idéias de Warchavchik.
"Mesmo não tendo condições técnicas para fazer uma casa totalmente modernista, ele apostou no estilo e acabou 'trapaceando' para conseguir isso."
Maria Lúcia explica: na época em que foi construída, a casa não poderia ter recebido uma laje plana porque não havia tecnologia disponível. Warchavchik, então, fez o telhado de barro (como era de costume) e ergueu uma fachada alta de concreto para escondê-lo.
"Aparentemente, ela é moderna, porque nesse momento a preocupação dele é chamar a atenção para uma nova forma de construção", afirma Maria Lúcia.
As idéias de Gregori Warchavchik são centradas na construção como meio de resolver da melhor forma possível problemas com planta, terreno, insolação e ventilação.
"A função vai determinar a forma externa da casa, e não o inverso", diz Maria Lúcia.

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